domingo, 13 de junho de 2010

tem-se perdido a consciência e a voz e já agora o pudor, esta parecendo a única maneira que possui para declarar-se? ao contrário, está de cara armada; sua palides torna-se mais esqualda, a seriedade de seus olhos escuros torna-se miserável. permanece com os olhos abertos, vira de um lado para outro; faz tudo o que faz quem sofre de uma insônia estúpida, humilhante como qualquer injusta punição. passou-se algum tempo?
o pensamento que não o deixa dormir provavelmente é outro (d)ele mesmo - ciclicamente indecifrável? o que seria da voz se não sobre ou justaposta por outra e mais outra? código. permanece-se assim - a contemplação torna-o perdido e ausente.
contemplação é ausência. nas mais diversas formas que transitam na rede limiar devoção-anulação, passando por gentil, amplo ou pejorativo. um imã forte permeia nesse limbo e se requer sutileza para caminhar sobre essas linhas tênues.



((A DESIGNAÇÃO DE SI MESMO COMO INSTRUMENTO DE ESCÂNDALO))
a inteligêngia tornou-se impura por uma doença intelectual que claramente não dá-se conta, protegido pela segurança (ou, pior: escravidão por opção) de que algum nascimento possa algo lhe oferecer para entender e fazer as coisas. quem sabe a desculpa seja transvalorizada a algum (qualquer) obstáculo inicial que impede fatalmente de compreender e, sobretudo, de admitir o que está acontecendo. para realizar, realmente ou realisticamente, deve ser inteira mente descontruída:
daí a confusão, o caos individual e o não sentido como o primeiro momento de desterritorialização do indivíduo. sendo por meio disso, a priori - desse estouro de sentimento non-sense - que se dá o impulso inicial de um (pretensa) reação cheia de (re)significado, germe contestador por si só.

não será pois na ilusão de compreender ou na passiva inércia de aceitar, mas sim no agir que será possível apoderar-se de uma realidade sonegada por sua razão - agindo antes de decidir ou agindo como num "sonho".

Locomotivas abandonadas mas ardentes, constrangidas por algum tempo sobre trilhos cegos, gozam da falta de pressa dos certos em poder mudar o mundo podre com quatro ou cinco ou treze palavras apaixonadas e um passo revoltoso. as janelas dos pátios internos são poços imundos para estrelas não vistas. onde se perderam aqueles passos!! não basta uma severa página de memórias, algum preparativo para algo ilusório, não, não basta!! ah, aqueles passos de poeta com seus amigos pintores (todos transformados e assim significados no momento), que andam nas calçadas e porões, falsando, falando, falando... ah, os passos de outros algos que seguem o destino da nação como uma horda de boiadas que segue o odor na sua migração.

mas, se esse é o esquema, outra tá a verdade.
mas fica logo ciente de que ninguém faz revolução antes de ti; e de que alguém velho e morto, mesmo com o ar heróico que glorificas, são absolutamente inúteis e não te ensinam nada. goza ingênuas e teimosas experiências, inocente dinamitador, neo-senhor de noites livres - mas lembra subtamente que está só para ser odiado, destruir e matar. muitas vezes ignora, algumas não, num arritmada troca de papéis...

Nenhum comentário:

Postar um comentário