sábado, 19 de dezembro de 2009

Caros,

Por alguns motivos de desentendimento quanto à autoria de certos escritos neste blog, aviso que ele está temporariamente fora de serviço, em processos de (des)construção por tempo ilimitado.

Gratos,
Equipe Lírios e Delírios.
as pessoas (esses seres, cujo o qual, eu já não mais faço parte em vida) têm mania de mudar. digamo-nos que quando Ella vem a gente se espanta. eu não diria nada disso. um monte de gente vive exclamando:
- Esse Tempo é maluco!
- Olha só, hoje nubla amanhã faz Sol.

Pois eu diria a Estes assim:
- estáticos de merda! quando me movi um pouco à cadeira, minha bunda te jogou pra fora da mesma. tá, eu diria agora eu Estaria em cima, sozinho, luzindo...

pois não.
eu sempre cai
com a cara no chão.

(as coisas não mudam em sua própria mudança.)

sábado, 28 de novembro de 2009

ABACATEIRO

há treze semanas me perguntaram o porquê dos poemas terem saído das janelas e eu respondi que a chuva os molhou e que já não dava pra ler nada. há uma semana atrás eu saí em busca de um antigo desenho, com uma muscia velha que eu tomei como um poema meu. era um desenho feito a sete mãos, formava um ser estranho, com um olho gota e um piercing no septo. ele era colorido de pastel. mas não importa, às palavras restaram o que? ah, aquilo que eu escrevi a chuva molhou, o vento levou, a tinta pintou, acabou, cai e não fica nada. se ao menos eu tivesse me dado o trabalho de um registro mais apurado, tipo metrificações, autentificações e identificações explícitas é claro que tudo seria mais fácil, mas eu saí daqui enquanto os dedos se mechiam e fui para angola, congo, monjolo... subindo direto da minha espinha dorsal superior, tipo, enquanto eu digitava eu me via lá de cima, acenava, acendia um cigarro. minha mãos não pesavam mais do que o peso das minas pálpebras, tão pesadas e ardidas ultimamente. meu tronco parecia que tinha encurtado, ao mesmo tempo que meu pescoço alongado, aumentando o distanciamento da minha visão-olhos, se não tivesse eu agora adquirido um olho atrás de mim mesma, em um dos meus treinamentos da semana. mas eu não o utilizo. fricções, ficções e uma montanha de nadas. do que valem as idéias senão praquele prazer momentâneo, no instante em que elas nascem e ascendem as luzes, todas as luzes do seu campo de visão e de repende atingem aquele clímax de "é isso!" e tudo, por momentos, se une num inexplicável elo de sentido claro e límpido. depois se desfazem. as minhas são assim. impermanência como essa agora... uma idéia completamente circular... ultimamente eu não tenho feito nada além de riscar as idéias do meu cerebelo e de engolir potes de iogurtes de manga. amarelo das doenças.... naquele tom arnaldoantunesco de outra catiguria. eu não sei mais escrever, mais ter esperança, tão pouco visar alguma coisa a longo prazo.
começarei a plantar abacates.

domingo, 15 de novembro de 2009

tentando estabelecer a ponte

não nos deixe

cair em tentação

além!



NÃO PASSARÃO!!
junta fragmentária de pensamentos unidos à beira do desespero de dizer onde não há ouvidos nem bocas caladas apenas olhos famintos como quem ronca e não espera por nada senão pelo seguinte e sucessor que na espera não há depois alguma a não ser a própria busca incessante que nos leva aquém... e não além. os dizeres não ditos se amortecem para depois tomarem formas diferentes dissonantes desconsertantes desfalecidas à beira de uma convulsão vocabulímica de palavras à espreita do abismo que nos abraça no calor quente de uma facção de críticas julgamentos façanhas aranhas atônitas esperando o consentimento e tornando-se a si. o caralho! fui dezenove antes desse e a cada minuto meu ser se renova e torna-se mais de si até inchar explodir espalhar por aí a sua própria forma inicial e não evoluída. o caralho! quer-se qualquer sentimento a emanar livremente pairar sobre voar a visão turva esbranquiçada daqueles que aos poucos perdem a vista mas ampliam a visão para além de sua própria façanha experimental pretensiosa superior. o caralho! édens álcoois vícios analgezia acefalia narcolepsia paralisia do sono entorpecido... onde estou senão na própria nuvem? de marxismo homérico construído no limbo da realidade performática embromática linfática do orgânico então perdido em tum em tics em tacs em lápses. o caralho! a repetir todas as portas fechaduras cadeados asfaltos muros de berlins de amsterdã de são fransisco de istambul de piraporinha. divididos impossibilitados adversos roídos de infernal curiosidade fome desejo pulsação firme roer de unhas ranger de dentes de lentes de mundanças andanças falanças esperanças. é diferente:
o subjetivo não faz sentido se não trazido ao sub-objetivo.

(tom profético não!)

junkianos

SENSAÇÃO - IRRACIONA
SENTIMENTO - RACIONA
INTUIÇÃO - IRRACIONA
VONTADE - RACIONA


DISSOLUTO


mais um
só mais um
aí eu
paro.

fodam-se.

terça-feira, 10 de novembro de 2009


pântano voa verde

água salgada briza

vento solos dentes

carícia grito berro

sussego vazio tímido

ecos de arrepio

chão vegetal

sussuro

boca seca


olhos fechados e corpos contorcidos

olhos fixos e corpos distantes

o vento que soa da sua música

era o que via quando fechava meus olhos

junto aos seus


naquele sorriso longe


welcome, my sun, to the fucking machine's world.
where have u been?
its's alright we know where: u've been in the pipeline, filling in time!!!!

what did you dream?

it's alright we told you what to dream.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Apenas parte ínfima

ninguém mais do que
uma função - ou parte de uma
performace total. a vida
passa e abre caminhos,
que são percorridos
e vão.
não se pode parar
"livremente" para representar
à beira do caminho, pois isso
atrasaria e transtornaria a viagem
dos átomos e a viagem conjunta. daí o
descontentamento, daí o desprezo
e a tristeza. todos nós
gostaríamos de ser a soma
e não um dos elementos numéricos.
as mudanças e a
luta nos deixam atônitos,
aterrorizados pelo fato de serem
constantes e reais, buscamos
a calma
e a "paz" porque
assim antecipamos a morte que
morremos a cada segundo.
os contrários se unem e não
descobrimos nada de
novo nem arrítmico.
voamos para buscar refúgio
na irracionalidade,
no mágico,
no anormal,
por medo da extraordinária
beleza do certo, material, dialético?
ação individual coletivizada,
coletiva individualizada,
mantendo o equilíbrio (i)lógico
de quem engole
e cospe,
esquecendo a beleza inatingível
saudável e forte -
se está doente dos olhos,
mal do ouvido,
assim se fica protegido?
alguém - algo - sempre nos
protege da verdade - nossa
ignorância e medo.
medo de tudo
fome de tudo
medo de saber que não somos
nada além de
vetores direção
contrução destruição.
está-se atento
sente a angústia de
esperar o minuto seguinte
e participar da complexa
corrente (obrigações) sem
saber que nos dirigimos
a nós mesmo,
ignorando o caráter
criativo da união
como se indivíduos somados
fossem somas de individualidades,
através de milhões de seres-pedras
de seres-aves
de seres-astros
de seres-micróbios
de seres-fontes de direção
de nós mesmos.
variedades de um
incapacidade de escapar ao dois - ao três -
ao etc - sempre -
regressar ao uno.
mas não à soma
(deus/Liberdade/amor)
não
somos ódio - amor - mãe -
filho - planta - terra -
luz - raio - etc.
sempre - mundo doador
de mundos.

Finalmente!
(minha primeira convicção é que eu não estou de acordo com tudo isso)
não vou mais resmungar aqui
eu gasto muito tempo da minha vida sendo feliz =)


cade os blogueiros????
eu tenho que esperar pra postar só em santos, isso me corrói.
orelha de aluguel? PAVOR. nunca esperei isso.




"com dez salsichas ou vc faz cachorro quente pra galera ou é sinal ta sem grana no fim do mês."
como bem lembrou a Pet.

domingo, 8 de novembro de 2009

Escatologia.

Nada mais precioso do que o riso
e o desprezo - Rir e soltar-se
é prova de força. Ser cruel
despreocupada mente.
A tragédia é o que "o homem" tem de
mais ridículo mas estou certa de que
os animais sofrem,
embora não exibam seus "sofrimentos"
em "teatros" abertos nem
"fechados" (seus lares).
e sua dor é mais real
do que qualquer imagem
que o homem possa
representar ou experimentar
como dolorosa. ____________

amor, amor, amor (mixórdem)

estou indo comigo. um minuto
ausente. venho te roubando
e saio chorando. é um engano.
nenhum desejo, exceto o de andar
até encontrar-se.
somos os mesmos que já fomos e seremos?
não contando com teu estúpido destino.
eu sempre quis que um esquecer
de palavras formará
o idioma exato para entender
os olhares de olhos fechados.
não existe distância.
existe apenas tempo.
quem dirá a existência.
gente rouca...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Preciso de Trampo

Luiza Haddad Moreira Lima

Brasileira, solteira, 18 anos
Rua Galvão Bueno, .........
Liberdade - São Paulo – SP
Telefone: (13) ....perdi..../ E-mail: luhsfc@gmail.com




FORMAÇÃO



· Graduanda do curso de Ciências Sociais, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.



EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL


· Experiência com recepção de eventos no porto de Santos-SP, organizados Secretaria de Eventos da Prefeitura Municipal de Santos.

. Participou da organização/staff do sétimo Curta Santos (incentivo à realizãção de curtas-metragens para cineastas de poucos recursos)

· Assistente de câmera do curta metragem Magma, gravado em São Paulo em Maio de 2009.

· Fotografou como modelo de biquíni.

· Foi atleta de voleibol da Confederação Brasileira de Vôlei e da Federação Paulista de Vôlei nos anos de 2004, 2006 e 2007, competindo pelo Clube Internacional de Regatas, representando a cidade de Santos.

. atleta de voleibol do Santos Futebol Clube em 2005.

. Vivência no caixa do bar Pôca Farinha, quando tive que lavar pratos por não pagar a conta devidamente.



QUALIFICAÇÕES E ATIVIDADES PROFISSIONAIS


· Inglês – Intermediário (compreende bem, escreve razoável, fala bem, lê bem).

· Espanhol – Intermediário (lê bem, compreende bem, escreve pouco, fala pouco).

. A apreender: Italiano, francês, norueguês, aramaico. e chinês. e russo.

· Experiência no exterior – Residiu na Cidade do Cabo, África do Sul, por dois meses, onde cursou inglês na LAU e depois viajou para perto de Moçambique.

· Habilidade para digitação, transcrição....

. Pretende cursar espanhol na Guatemala, em breve, nos planos desde 2007.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS


· Premiado com o título de Aluno Destaque – Menção Honrosa (2003)

. Premiada como Atleta destaque duas vezes (Clube Internacional de Regatas, 2005 e Copa Geni Pardossi, no Guaru já, em 2006)

· Disponibilidade para mudança de cidade ou estado ou país ou bairro ou sistema.

sábado, 31 de outubro de 2009

peregrin ação!

eu queria estudar mas era impossivel. passava os olhos pelo montaréu e minha cabeça lá longe, apesar dos meus olhos fixos (costume, costume), e me vinham mil platôs, e miltons e nascimentos, esmeraldas de mautner, por mais que eu me concentrace o corpo da morena já começava a desenhar seus contornos por volta das páginas e eu não cnsegui a minha concentração, pensaria na praia, no verão, no ano novo, na minha cama quentinha e tão distante da onde eu tava, naquele de touca vermelha e três piercings na boca, de 12 anos de idade, ou na sua versão crescida, à margem do pior rolê santista. mas isso não faria diferença nenhuma, era madrugada de lua quase cheia, lembrava ela dos jardins, lembrava eu a sétima série, maldito dois mil e quatro. mas eu nao tava nem ai, isso nao faria diferença nenhuma.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Time

um livro insuportável na estante. um quadro asqueroso na parede. uma panela repugnante. a pele com cheiros intragáveis. a proposta para uma viagem. a volta de outra. as cores, a magia e a necrofilia. o sono pertubado, as noites mal dormidas. meu pesadelo lúdico. gente desconhecida e caminhos absurdos. um ferimento, na cerne da alma. e no rosto. estirou-se de bruços, não faria mais nada. um bilhete estranho. rasgando todas as velhas páginas. rasgaria as cortinas, os sofás, a pele se deixasse. ia achar a resposta. tinham modificado o que tava escrito nos livros. queria tocar fogo na casa. não pôde. as memórias também se rasgaram. as lembranças, ainda mais. as imagens agora esbranquiçadas. tomadas pela amargura. mais alguém voltou de viagem, bom revê-lo. não saberia que seria pela última vez. alguém colocou coisa estranha no meu fumo. alguém jogou alguma coisa na minha bebida. minha visão tá turva, eu tô suando frio e alucinando, eu tô falando com as pessoas, mas o que ouço é a minha voz. esses caras do ônibus são inaceitáveis. tá tendo uma festa, em frente ao buddha. é um churrasco! um churrasco! eu não suporto mais isso. vou deletar tudo isso, sumir daqui, me mudar para pernambuco. não piso mais nesse lugar. nunca mais. e nunca mais pisou mesmo. no mesmo lugar? pf. eu vou abaixar a cabeça e fingir que não vi. eu não enchergo nada de óculos. ah! antônio das mortes! você é personagem real da ficção, é personagem imaginário... você? tem nome? valores abalados e gente que nunca mais verá. um romeu, um cisne negro. é. ainda me lembro bem, cinco maluco em volta da fogueira, é pra lá que eu vô. eu lembro de uma coisa: eles têm os olhos pretos. inteiramente pretos. soluçava sem parar. o filme lhe contava coisas absurdas. não tinha sentido todo aquele sentido. uma tatuagem molesta. mas corra, não pare, nem pense demais, repare essas velas no cais que a vida é cigana. minhas flores morreram. eu esvaziei uma garrafa de pinga e agora canto coisas sem sentido. é pedra de gelo ao sol. um ladrão. dois ladrões. degelou teus olhos tão sós, num mar de água clara. minhas coisas sumiram. eu sumi com as coisas do mundo. chega, quero dormir. não dá. tem gente estranha batendo na porta, preciso me esconder. quem é? um admirador nojento, um estuprador, um tarado. uma menina linda, também tarada. não, agora não. que horas são? tão parados, eu atirei suas pilhas para longe daqui. reze isso que passa. pedofilia! invasão. desilusão. só. fazem uns meses.





um tic-tac vai marcando cada momento de um dia morto e você gasta à toa e joga no lixo as horas, descontroladamente, perambulando de um lugar para outro em sua cidade
natal esperando por alguém ou alguma coisa que te mostre o caminho. cansado de tomar banho de sol, de ficar em casa vendo a chuva, você é jovem, a vida é longa, e há tempo para desperdiçar. até que um dia você descobre que perdeu a largada. e você corre e corre atrás do sol, mas ele está se pondo, fazendo a volta para nascer outra vez atrás de você. de uma maneira relativa o sol é o mesmo, mas você está mais velho
com menos fôlego e um dia mais perto da morte. cada ano vai ficando mais curto, parece não haver tempo para nada. planos que dão em nada, ou meia página de linhas
rabiscadas. esperar em quieto desespero. o tempo se foi, pensei que eu tivesse algo mais a dizer. em casa, em casa de novo, eu gosto de ficar aqui quando posso. quando eu chego em casa com frio e cansado é bom aquecer meus ossos ao lado do fogo, bem longe no campo. o toque do sino de ferro deixa os fiéis de joelhos para ouvirem as encantos mágicos sussurrados."

eu vou embora, escalar as marés.




you shone like the sun.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

TEORIA x PRÁTICA


Os venenos da mente são divididos em três categorias principais:
I) apego ou desejo - prisão física ou psiquica a pessoas, objetos e fenômenos.
II) raiva - não querer, rejeitar, afastar algo de você.
III) ignorância - não ter uma noção clara da vida, não compreender o significado das coisas que te rodeiam.

os venenos da mente agem de maneira interdependente. quando não temos uma visão clara do que nos rodeia, nos apegamos a certas coisas que, quando não as conseguimos, criamos aversão e ficamos com raiva. esses venenos agem como toxinas, criando energias mentais negativas. tais energias são expressas em palavras, ações e pensamentos, causando um sofrimento cíclico em cadeia que se repete infinitamente.


Mantra das 100 sílabas da mente admantina

Om Benza Sato Samaya /
Manupalaya /
Benza Sato Tenopa /
Tishta Dri Do Me Bhawa /
Suto Kayo Me Bhawa /
Anurakto Me Bhawa /
Supo Kayo Me Bhawa /
Sarwa Siddhi Memtrayatsa /
Sarwa Karma Sutsa Me /
Tsitam Shri Ya Kuru Hung /
Ha Ha Ha Ha Ho Bhagawaen /
Sarwa Tathagata /
Benza Ma Me Muntsa Benzi Bhawa Maha Samaya Sato Ah.

(ajuda a dissolver os venenos da mente)





veja: o mundo de mantraman, nos favoritos.

NON SENSE

- quem matou ela?
FODA-SE QUEM MATOU O QUE IMPORTA É QUE ELA MORREU!

eu esgoelava isso, mas não adiantou, as paredes são ocas e eu montada no cavalo metálico do rock n roll, inalando o terremoto do sol, constantemente, sem alivio nunca. é a era da velocidade e a musica da cidade é elétrica, assim como a karne. e a karne explode para si mesma, em kakos koloridos.

a desconcentração de tudo atinge a cerne da minha ânima. o rock da desintegração inaugura novos níveis de comunicação! a música é a maior demo-cracia que já existiu pelo sistema solar. desencadeadora de verdadeiras convulsões sexuais, da mente, da alma e de todos os espíritos santos. a simultaneidade das relações atingiram seu ápice e nada mais é relativo, nem os apelos (eu diria - muito menos)!

tic-tac

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ESTÃO CHEGANDO...

é, a música do meu pesadelo é
estão chegandooo os calculistaaas
os calculistas esão chegandooooo



cheguei à essa conclusão hoje, exatamente às quatro e quinze da tarde, quando olhei para o relógio do ceééu. calculistas são o lixo humano, não se pode conviver com eles. aaai eu tenho nojo deles! nojo! acho que vou formar um grupo de maledicência para aloprar essa raça suja. é difícil mesmo hoje em dia achar algum lugar onde eu possa fumar meu cigarro em paz e ouvir um arranhão de guitarra sem tomar uma facada. isso me deixa louca, essa insegurança toda, desconfiança... veja só, eu estava a fumar uns picas com os meus na praia e sabe como é aqui é o CREME né e em santos a galere é consciente disso, lá é o CRIME. sem kaô desnecessário. num é que a noia da vez foi: DISFARCE??????????????? disfarce é uma bela puta que te pariu, eu cansei desse fluxuz intenso sabe, não tô afim mais dessa falação toda, mas que merda! vou pegar cada escrito teu e analisar frase por frase, frase por frase, fra-se-por-fra-se e ver os sentidos que saeeeeeeeeeeeeeem, aaaaaaah aquele anel formado!!!! aquele anel formadooo!!! legal né, legal, muito legal, agora me explica como que faz pra chegar naquela rua que eu me esqueci o nome, já que o sentido pertence a ti e não a mim. e sabe, lá estava eu de novo naquele lugar verde. porra luiza, tu não tem uma descrição melhor não? um lugar verde. é, lá é um lugar verde pra mim, se você quiser eu arrumo outros - castelinho de pedra, feudo ideológico, prisão, playgraund, oráculo, prostíbulo, sanatório, galeria, templo... foda-se. não sabia o que ainda me prendia lá além da nicotina. vício é uma merda, mas eu gosto tanto. você pode se viciar em certas coisas e estar em certos lugares SÓ apegado a ELAS. tipo, pratique o desapego se viciando, faz tooodo o sentido. mas nada disso importa á, vou abrir a porta á, pra você entrar, beijarminhabcaatémematardeamor.




de acordo com a vanguarda CUBISTASSURREALISTA:
adota-se uma escrita automática onde o que se valoriza é a reprodução direta das imagens aleatórias que surgem na mente de quem escreve, manifestando a arte inconsciente. [rel]ação direta (gozei!) entre Pensamento&Palavra, sem a barreira da racionalidade. fornece-se uma imagem múltipla dos objetos, onde eles são colocados sobre vários pontos de vista, retratando a desintegração da realidade, por meio da simultaneidade de estórias (várias cenas antes correlatadas) e do instantaneísmo (retratos fulgazes de cenas do cotidiano). a enumeração é caótica - adota-se a descrição do ambiente a partir de uma sucessão de elementos a ele pertencentes, sem referências delineadas. rolam vários dados e quem le reconhece aquilo que tá dentro dele próprio, pouco tem a ver com quem escreve. é a desvinculação enunciador-enunciado, é a tranvalorização fluída dos valores. a la jaques derrida, ja expliquei isso...

domingo, 18 de outubro de 2009

TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO

certos esclarecimentos jamais sairão da conversa paralela daqueles olhos repetidos e desesperados. aliás, vejamos que os cantos continuam cheios de conversas, digníssimo eu diria, já que a gente não consegue finalizar ou concluir nenhuma das nossas, de jeito nenhum... eu só queria dizer que a minha desordem vem do desespero. a minha desordem vem como súplica, como desejo, como busca incessante e como paixão muitas vezes. a gente buscou esclarecimento nas noites insones e só achou sonhos. quem sabe um dia você tenha acordado sem me avisar? não sei... eu não queria ter acordado, mas não teve jeito... perdi meu celular, não tenho como me despertar [ó céus]. é, mas então, a vida passa. e você bagunçou tudo e eu não tenho nada pra colocar no lugar das suas ideologias perdidas, quebradas, mutantes!!! eu não tenho nada!!! desculpa, quem sabe a próxima venha como oração. afinal, aos messiânicos tudo é pussiver... e dá-lhe leonardo boff [a águia e a galinha] e paulo freire...

esse negócio de pedagogia, mêo, ai... TÔ DE BOA.

domingo, 4 de outubro de 2009

este post é uma heresia à sabedoria.

Você tem o seu e eu não tenho nenhum.
Eu não tenho nada pra colocar no lugar.
Onde está a grandeza e o poder do meu enfoque?
Repito: Eu não tenho nada pra colocar no lugar.

"A única coisa que pode haver para substituir é a Louca Sabedoria. A mente é poderosa. Todos têm mente. Não interessa eles ou ele, eles e ele, nada disso."

(poizé)

uma vez eu acordei e um pombo mensageiro me disse que meus dias estavam contados. e ele me disse isso ainda lambendo meus ouvidos. depois disso eu nunca mais dormi sem fechar as janelas dos fundos. ou sem cobrir meu ponto fraco. lapsos de consciência podem ser letais. E realmente o foram: desde então eu conto os meus dias. já se passaram 675 desde o acontecido. eu só lembro de 576. qualquer semelhança não é mera coincidência. é só ironia do destino. do destino traçado pelos senhores do destino. maior honra, mêo. dá até novela da globo! só trocar pro feminino...

sábado, 3 de outubro de 2009

METALINGUAGEM

minha poesia
não é de prática
minha poesia vem
do vento
lá de dentro
tocando o advento
minha poesia não é
um coro
tão pouco espera receber
louro
minha poesia vem do meu
devaneio mais
louco
sem jogo, sem cara ou coroa ou
lado inverso
apenas dá as caras quando
brota sem lugar algum
vem como súplica
como ferimento
ou um adeus,
meu alimento
me faz escuro
me faz claro
me faz sentimento
me faz sentidor
minha poesia canta
minha poesia lança
dança, pega, mata e come
chora, grita, corre,
adoece e morre.
minha poesia flore
até aqueles lá
mais distantes
meus domínios indomáveis
fere e adere
a todos os meus sentidos
antes esquecidos
minha poesia fura o verso
cai do baixo
sai do faixo
baixio das bestas
sente saudade
dos meus contos,
dos meus cantos,
dos meus encantos
antes esquecidos
agora enraivecidos
apodrecidos
ao meu pranto parecidos
minhas tristezas, minhas avarezas
todas as minhas correntezas
pudera
minha poesia
é meu cárcere
é meu cálice
é também meu cale-se

minha poesia
é meu ar
é meu mar
de se armar
de amor
de dor
ou ardor

minha poesia
aquela lá que me libertou
do chão me tirou
comigo para longe voou
até aterrizar
devolta a ela mesma
minha poesia é meu lar
que a cada amanhecer
me faz órfã
a fim de que eu a encontre
e nos seus braços possa
correr e
morrer
viver, esquecer
libertá-la para, junto com ela
parar e
saltar
"num altar
onde a gente celebre
tudo o que se consentiu"
minha poesia tão pouco
busca o verso certo
ou espera encontrar
a paz depois de escrita
minha poesia tem vida própria
prosopopéia lírica
sai de mim
na hora em que pra ela alvorece
passeia por aí e
até me esquece
mas ela sempre volta.
a gente sempre torna
aos braços
uma da outra
como se então não houvesse
desencontro
desencanto
desalento
minha poesia não é minha
mnha poesia é da espera
por ela mesma
minha poesia é dela própria
e eu que sou sua eterna apaixonada
tantas vezes traída
muitas mais amada
minha poesia nunca teve dono
minha poesia é inquieta
sai de mim na hora que
ela mesmo quer
e encontra logo algo onde
possa então se realizar
e sua realização é simples:
é apenas sua existência
ela basta-se por si só
é por isso que
não encontra resistência
mas, haja paciência!
quando ela some
as horas me corroem
os tempos me enlouquecem
os soares me ensurdecem
meus dizeres me calam
é minha grande agonia
afoita ou desesperada
não adianta em nada
ela só aparece quando quer
só ressoa onde der
não importando o que se fizer.

nostalgic mode on

ele levantava a cabeça e ria de mim, bem baixinho.
depois abaixava os olhos (sempre baixos)
e ria pra mim, timidamente..

a mim me ensinou
tudo.

me ensinou a olhar cada vocábulo que há nas coisas
a fazer a poesia ironica e cortante
a dançar e a não abraçar qualquer imbecilidade que passe pela frente.
naquele jeito estranho, oleoso, pegajoso, bravil.
rooteza


(preconceito ideológico
é tão triste)

parece que ainda não descobriram isso.
próxima lição de vida vai para:

O OUTRO

como decifrar pictogramas de há dez mil anos
se nem sei decifrar
minha escrita interior?

interrogo signos dúbios
e suas variações caleidoscópicas
a cada segundo de observação.

a verdade essencial
é o desconhecido que me habita
e a cada amanhecer me dá um soco.

por ele sou também observado
com carinho ou incompreensão
e assim vive-se, se ao confronto se chama viver,
unidos, impossibilitados de desligamento,
acomodados, adversos,
roídos de infernal curiosidade.




(série ? adaptando corpo do CDA
bom, viu? nada como o modernismo?
pior que é...)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage?"




"você trocou teu lugar coadjuvante na guerra pelo papel principal em uma cela?"

domingo, 20 de setembro de 2009

uma poesia prática
é isso que eu desejo
sílabas rápidas, metalinguagem
tire disso alguma vantagem
parasitagem

de tanto
não poder dizer
meus olhos deram de falar.
(só resta você ouvir)
sabe quar que é o problema?
a luiza trancou verdadeiros príncipes em casarões enlamassados pensando colher amoras maduras. a luiza é tímida, a luiza é faladeira, a luiza é calada, a luiza é namoradeira. a luiza é atleta, a luiza desmaiou no carnaval, a luiza é antropóloga, a luiza é poeta, astronauta e cineasta sonora. a luiza se espititualizou em maputo, andou de elefante e acreditou caminhar sobre as nuvens do velho continente. a luiza comeu um insetinho no dia da parada gay, só porque ele comia sua castanheira preferida. a luiza passou dias salvando formiguinhas, passou horas as observando sobir pelas árvores. até que a morena dos olhos d'agua matou a formiguinha que andava pelo seio de luiza. a luiza adora as verdadeira espeluncas, a luiza é uma porca, a luiza é grossa, a luiza é um doce de pessoa. a luiza é forte, a luiza caiu, a luiza viu, a luiza não entende quando chamam ela por outro nome. a luiza aprendeu a reconhecer que não foi nada disso, a luiza come tabletes de chocolate e fuma feito um avestruz na cruz, gosta de ler jorge mautner no caminho pra aula que não existe, a luiza gosta de fumar maconha e bagunçar as idéias para ler pós-modernismo paranóiptico. a luiza era tranquila, quase pouco falava, lembrava de alguns sussurros quando de noite acordava. a luiza achou que a coisa nova na cara fosse mandinga e pedia ajuda pra são longuinho enquando batucava no samba da morte da bezerra, na casa do caralho. a luiza deu um soco na amiguinha quando tinha 11 anos, hoje, quase vinte, pra ser ridícula, não consegue acertar a voadora na cara de um marmanjo aí, enquanto sonha com a velha amiga de mesa de bar. a luiza mentia na íris dos outros, achou o romance baiano mais bonito, e lembrou dos olhos inteiramente pretos e chorou de medo, às onze e meia, voltando para casa na chuva, sozinha com a clementina. a luiza achou o coração abandonado pelo buddha uma tristeza, vibrou com a canalhice rosnando aos idiotas da objetividade: a luiza adora literatura anti-literária, a luiza é ridúla, escreveu 120 poemas e não entende nenhum deles. a luiza refletiu para a Torre de Babel na segunda pessoa do singular. a luiza quando descobriu que a subjetividade era mais enroladora que os problemas sociais ela passou a se afogar. a luiza quer mudar de vida, a luiza não se meche, a luiza tem uma barriga enorme que não a permite sair do sofá. a luiza do not be or tupi, cannot stay at home tonight cuz'the moonlight is ready to kill anyone, mothefucke. a luiza se perdeu no meio do deserto do arizona, foi resgatada por cães pastores e deixou a baía de guanabara encantada quando cantou Falsa Magra, do Mc Mascote, fazendo a conexão baixada-baixada, depois de umas tequilas luiza ficou mil grau e sonhou tocar flautinhas celestiais com seu amigo, erik, que toca harpa na casa de fundição de minas gerais, coração do brasil. a luiza prendeu a palhaça jubilada na cassamba do carro do Atobalá d'logã, às 13 horas da sex-ta feira treze, de dois mil cento e treze, no coração do maranhão. a luiza acariciou os longos cabelos pretos de um joão marmelão, a reencarnação de hermes trimegistro, que por sinal é tres vezes hermes, um grande legislador da terra das esfinges magnéticas. a luiza se internou num manicômio todo feito de grossas cortinas de veludo roxo, que permitiam-na a visão incognscível do papel da virilidade em nossas herméticas vidas futuras. a luiza comparou o cabelo cacheado daquela falta de vermelhidão ao poeta Glauco Mattoso, nosso maior expoente da podolatria no Brasil. a luiza casou com sganzerla depois da morte dele, seu noivo cadáver predileto nunca esquecera das belissimissimas pernas da ignez, linda e otima, vitima certeira do exu do corcovado ou do exu do raul. a luiza chorou quando o michael morreu e nao se despediu de sua clínica abandonada nos confins da idade da pedra, nos anos setenta antes de cristo, com seu figurino de sandálias peregrinas, vermelhas, brancas e pretas, vermelhas, brancas e pretas. a luiza descobriu que a causa disso tudo era seu ascendente em aquario, que junto com seu sol em áries formavam alguma coisa ainda não identificada, quem sabe um óvini vindo da boina daquele cachaceiro estranho e contador de histórias fúteis. a luiza descobriu que a bolacha passatempo é melhor que a fófis. a luiza acreditou em Cass quando ela enfiou o alfinete de vidro nas narinas, a luiza queria comer o Bukowski só que ele já morreu e ela sonhava em ser amiga do Álvares de Azevedo para acabar como problema do byronianismo brasileiro, a luiza sofre do mal do século e não consegue ler Goffman sem chorar incontrolavelmente. a luiza amaldiçoou a simbolização e perdeu-se nos danoninhos de maçã e nos cabelos cortados. a luiza sente falta dos negros cabelos enrorrendo-lhe a face. luiza viu a marca de poder, gata. a luiza olhou bem fundo naqueles olhos e se assustou depois de cair dentro do cachimbo do saci pererê. a luiza nunca entendeu o porquê da dualidade do menino magrelo. a luiza quase mandou uma à merda e partiu pra porrada mas achou melhor acender um cachimbo de ópio junto ao casal rimbaudverlaine, enquando tomou absinto na porta da givclub, pensando estar sob o cogumelo da fiction, africa, i like your style, the song so fucking hot n people r so fucking crazy n die there, hardera, ela se surpreendeu pelo cara com a blusa de polvo e nunca mais parou de escrever, a luiza está escrevendo há tantos dias que pensou ser essa a origem do problema. essa menina não fala nada,o que há com ela?
tudo dança
hospedado numa
casa em mudança.

uma mulher que falou na língua das borboletas

ainda amanhecia e eu lembrava da menina que falava a língua das borboletas. ela batia seu anel na mesa, abriam-se universos diante daquele soar mais grave que o de suas unhas, amigas cósmicas, que quando atritadas soltavam um perfume noturno, que só se abria na noite, no escuro ou na ausência do feixe de luz, meu amigo de antigos amores, daqueles que saem por entre as nuvens e provocam encontros casuais do estilo "eu faria tudo para vê-lo de novo diante daquele alvorecer". e a gente andava sozinhas, na solitária companhia uma da outra, nos dando tão bem como convém ao deus e ao poeta. a gente lembrava daquele filme de início de partida, a gente sonhava, a gente cantava, na verdade eu pouco me lembrava, não sei com o que preencheram meus lápsos derradeiros de uma memória esquecida. eu o pintaria de amarelo, mas acho que meu antigo cigano de aguns poucos anos atrás jogou preto neles e assim o transformou em um quadro ridículo, digno de um porão, de um calabouço ou de um cala a boca enorme, do tamanho da enamorada butanesa que eu achei naquelas imagens esbranquiçadas de um dia atrás. e era assim: ela adormecia sem perceber, fechava os olhos de maneira triste, abaixava a cabeça e deixava seus cabelos oleosos o tomarem a cara. e escondia-se. até o dia que eu recostei meus dedos em seu queixo, levantei seu rosto e vi seus olhos. choravam silenciosos. depois acordavam afoitos, gosto muito de você leãozinho, rodopiavam e recortavam coisas por aí, sem parar pra pensar muito. depois se arrependia e chorava ao mesmo instante em que salivava. ela me faz uma falta enorme. com ela eu aprendi que quando se enfia no meio do mato, a flor morre e a gente se perde. depois daquela noite eu voltei e me atirei na cama, de bruços. recebi um bilhete estranho, que me envergonhou, ainda mais por saber do pecado em dose dupla. e é polícia ainda. e conseguia me atingir, falando a língua das borboletas, em antigos blocos de pedra. é, que nem moisés. quando eu acordei daquilo, eu caí no pesadelo? ou será que eu acordei do sonho? será que tornei a me torturar? sabe de uma coisa? os dedos que batem, a velha carne fria que não digita nada, hoje apodrece amarelada.
um amarelo manga pra nossa primeira noite de amor.

aliás, se eu pudesse voltar pras primeiras noites de amor, eu não mudaria nada. eu viveria elas novamente, quantas vezes fosse preciso, pra lembrar daquele gosto novo. cuja única definição não faria a menos diferença. e não importa o nome deles. pra mim A, pra você B, é tudo questão de metaforazinhas, não? não! pouco me importam as definições. "Se soubéssemos, não falaríamos nem tampouco pensaríamos", mas depois de mordida, essa gente vai até o talo e a gente se enrosca.



“A verdade e a mentira. (...) ansiosos de saber, felizes demais por ignorar, procuramos, no que é um remédio ao que não é; e no que não é, um alivio para o que é. Ora o real, ora a ilusão nos recolhe; e a alma em definitivo, não tem outros meios exceto o verdadeiro, que é sua arma – e a mentira sua armadura...”
Paul Valéry

sábado, 19 de setembro de 2009

Eu quero ler meu nome estampado na bandeira municipal:
JOAQUIM GREGÓRIO DA SILVA MATOS GUERRA
soando por aí!

eu tenho inveja do poeta baiano
tantos antes de qualquer
familinha real
mentirinha do mal
já metia a boca no inferno
já era nosso poeta maldito
nosso maldizente querido
gregorio de matos guerra!
aqui está, meu querido
minha eterna paixão
pela sua habilidade vocabulímica e
colérica.

eu sonho com os malditos, sempre desejei os assombrosos:
JOAQUIM GREGÓRIO DA SILVA MATOS GUERRA NETO
vai ser o nome do meu neto!
espalharei por gerações
meus devaneios quinhentistas
incompreensíveis, indomáveis, amáveis, sombrios
tesos! tesos!

"Quem quer, só do querer faça vaidade,
Que quem logra em amor entendimento,
Não tem outro capricho, que a vontade."

o Mim do Eu se perdeu!

Eu não tenho identidade com o que escrito antes. Eu me perdi nos significados que brotaram de Mim. Eu me afoguei nos conceitos que transbordaram Comigo. Eu leio e não me entendo. Eu me leio e não sei quem escreveu, eu leio e não sei quem me escreveu. Eu ouço e digo que não entendeu. Eu escrevo e não sei quem disse. Eu afirmo e ainda não sei porquê interrogo. Eu não nasci pra definir. Eu nasci para traçar. Eu ainda não nasci. Eu ainda não morri. Eu ainda pensei em florir. Eu ainda queria voar. Eu ainda queria parar de acreditar. Eu queria pôr fogo nos incrédulos. Eu queria arder com os mentirosos, beijar os sinceros de olhar. Eu já estive adiantadamente à frente. Eu me ultrapassei. Hoje Eu tropeço em Mim. Hoje Eu me prendi às passadas. abri os passos. Eu nunca me vivi. Eu vivi em outras. Eu nunca me vi. Eu nunca me talhei. Eu nunca me assustei Comigo, porque Eu nunca estive ali. Eu sempre fui embora, Eu sempre vivi como quem chega de pára-quedas. minha curiosidade fugiu de Mim. minha curiosidade me passou, me mordeu. minha curiosidade sempre me pulsou, me fodeu. mas com ela foi que sempre vivi, a gente nunca se separou. hoje Eu cuspi ela no meio da Alvarenga. ela rodopiou e atingiu alguém. Eu fiquei na calçada com um pouco de pinga com mel. Eu vi ela ir embora, ela riu pra Mim. riu de Mim. Eu fechei os olhos e esqueci. eu pressenti, vivi, segui, revivi, desvivi e perdi. me perdi. me perdi de Mim. nunca liguei pra Mim. Mim sempre esteve cá e Eu lá. lá não sei onde!

"Eu nunca fui livre na minha vida. Por dentro eu sempre me persegui. Tornei-me insuportável para mim mesma."

Gozar das leis

A ironia e o humor

Não se trataria apenas de duas perversões distintas, mas de duas lógicas completamente diferentes na constituição do objeto do desejo e na relação à lei moral. Essas duas lógicas são descritas por Deleuze por meio de uma associação que se mostrará plena de consequências. Ela consiste em afirmar que, no interior do sadismo, encontramos uma lógica que o associa à ironia, isso enquanto o masoquismo seria a encarnação mais evidente do humor. A princípio, essas associações podem parecer gratuitas.
No entanto, elas consistem em dizer que uma perversão não é simplesmente a descrição de alguma forma de desvio em relação a um padrão de conduta sexual socialmente partilhado. Ela é uma maneira de distorcer uma lei moral da qual o próprio perverso reconhece a existência. Neste sentido, Deleuze poderá dizer que, dada uma lei que reconhecemos, há duas maneiras de não a seguir.
A primeira é através da ironia. Deleuze pode afirmar isso por lembrar do conceito romântico de ironia, onde este aparece como uma posição na qual o sujeito sempre está para além de seus enunciados. Enunciar uma lei de maneira irônica significa mostrar que seu enunciador não está lá onde seu dizer aponta. Esse recurso a um lugar transcendente seria uma maneira de evidenciar que sigo um princípio para além da lei que enuncio.
Todo o esforço de Deleuze no livro será mostrar como a posição de Sade [escritor francês, 1740-1814] em relação à lei moral pode ser compreendida a partir desse esquema.
A segunda seria através do humor. O humor visaria torcer a lei por meio do aprofundamento de suas consequências.
Não colocamos nenhum princípio de significação para além da lei moral. Mas os efeitos da lei são invertidos devido à possibilidade de torções nas designações: “a mais estrita aplicação da lei tem o efeito oposto a este que normalmente esperávamos (por exemplo, os golpes de chicote, longe de punir ou prevenir uma ereção, a provocam, a asseguram)”. Isto é Deleuze falando de Sacher-Masoch, este mesmo Sacher-Masoch em quem o filósofo vê uma insolência por obsequiosidade, uma revolta por submissão.

A paródia do desejo

Essa maneira de torcer a lei fará Deleuze insistir em que só podemos compreender o masoquismo por meio de conceitos como a paródia. Mas, para além da descrição de uma perversão, Deleuze age como quem acredita que por meio do humor, da paródia, da passividade simulada, abre-se uma possibilidade de desdobrar a relação com o desejo, com a lei talvez mais próxima de nossa situação contemporânea. Só não esperávamos nos descobrir todos contemporâneos de Sacher-Masoch.

V. S.

rapidinhas

são desejos reprimidos que viraram pestilências.
são atos atrasados que viraram ironia.
bando de gente amargurada.
covardia?

roubar e não poder carregar...
PARANOIA, PARANOIA...
qual santo ficou pinel com raiva de São Paulo?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

TRANSFIGURAÇÃO

a gente não espera encontrar vastos mundos em blog.
a gente não espera decifrar ninguém virtualmente.
a gente tão pouco espera abrir a metáfora guardada, há anos...
o prazer não tá em ligá-lo ao autor (graças, temos tantos para desvincularmos de nós e de nosso uno-ego-centrismo): SE LIBERTE DA POESIA QUE TE ASSOLA.
o tá prazer tá ali, efemero, hostil, lúdico, cético.
passa em versos como quem passa em outros trilhos, para tantos, cada vez mais distantes.

prendê-los? então para que tê-los?
o prazer tá na dúvida clara,
na escuridão acesa:
me escreva!

por mais que você minta, por mais que você invente descaradamente, desesperadamente, por mais que pareça então uma fita quebrada, sem hora certa (qual a novidade?), por mais que as tuas metáforas e a dos teus me pareçam genialmente covardes:
eu não ligo - eu gosto.

Nasci de uma conversa engraçada entre Prosa e Verso.
Minha parteira foi a Palavra, na época do Cinema Silencioso.
minha palavra não é derramada, nem tão pouco armada
- minha palavra transborda: flore, murcha e morre.

(borbulhe o palavreado febril que guarda nos cadernos velhos)
aceite sua palavra fora de você. nade nela e continue sempre a nadar.
só não esqueça:

A PALAVRA SEMPRE FERIU.
(A MIM MAIS DO QUE VÁRIOS TAPAS NA CARA)


"ainda sim acredito ser possível reunirmo-nos em outro nível de vínculo..."

- mas é da dor que renasceu e deu a poucos uma esperança mínima.
não renuncie a Ela: nenhum pedaço do então ser vibrante,
errante, quente, sujo, livre, poente, carente, cadente..
pegue a senha e escreva você também.
UPS


os ratos fazem parte.
ironia maledita! sai de mim, aipim!
é pedra de gelo ao sol.



"Não vou buscar a esperança na linha do horizonte, nem saciar a sede do futuro da fonte do passado. nada espero e tudo quero. sou quem toca, quem dança, quem na orquestra desafina. quem delira sem ter febre só o par e o parceiro das verdades.
À desconfiança" um tiro certeiro.
espero que ela volte da onde saiu.

sem explicações, experiência.

domingo, 13 de setembro de 2009

anjo

anjo voltou
Jack Basquiat & Sally Mooroe
meu Drops de agosto setembro
março abril
abriu abri o abrioo

voltou do
minhocão metrô marechal
conheceu o caminho
e depois voou





era então:
"fala"

RAÍZES - DOIS NUS NUM BOSQUE




olhar fervoroso
adora um solo pantanoso
abundantes vegetações
grandes plantações

só tem um problema:
esqueceram de me contar
que quando tudo se passar
nada mais vai nos restar.

"não por ser exótico
mas pelo fato de poder tê-lo sempre em estado oculto
quando terá sido o óbvio"

sábado, 12 de setembro de 2009

Liberdade é bairro mas é como o japão fosse!

with a little help from ma frends comece observando a lua e suas crateras distantes. depois você passa um pouco de gel no cabelo e espera chover. vc pode fazer chover também, caso queira, pouco aconselhável eu diria, mas conselho não serve pra quasenada, a não ser que venha de algum ancião chinês. quando estiver chovendo basante, mas bastante mesmo, de enxarcar o nariz e derreter o gel do cabelo você começa a massagear seu próprio céu da boca. depois coloque dead can dance no repeat. eu disse no repeat! agora pare e reflita: passe a ouvir os materialistas dialéticos insistentemente, até dizer chega. quando você estiver cansado de tanta Terra, de tanta tese, antitese, conclusão, ciênciamalditacarnedosincomíveis, passe a ouvir os misticamente (in)coerentes, se afaste um pouco dessa materialidade coesa e ordeira, anarcocromatize-se!
I've seen the eyes of living dead, i'm telling you ma only frend, the end.

quando você achar que já se elevou o bastante para olhar tua cara no espelho e achar teus olhos fe-no-me-nais, você ouve um jazz de coltrane, eu disse col-tra-ne, mas pode ser charlie parker, e tome uns whiskys para comemorar tamanha evolução humana. compondo então mapas e, ao invés de signos, traços.
depois estufe a barriga até o
aaaaaalto
que tudo que soooobe

d
e
e
e
s
c
e

e a força vai vem tchum êta sobe e desce!

depois durma em paz
pedidos ou preces viram cera quente
lembre-se do seu estômago,
dos seus pés



e esqueça.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009



hoje é tempo de amor
hoje é tempo de dor
em mim

di novo

são estes teus
mosaicos quebrantos
que me atiçam ainda mais
a fome de ti.
essa tua
erupção palavrônica que
brota em ti ou de
noites insones.
esse ser inquieto e plutônico
de dizeres apressados
são os que salvam da solidão
vastical.
minha querida!
quanto tempo fazia
desde então
quantos mares secos
matos pretos
dizia-se então

primeiramente:
o vermelho que brota de ti é que vejo quando fecho os olhos.
quão tristes
ditas sem
antes
sentido
algum

quão vagas
ditas entre
cortejo
nenhum

quão tímidas
vistas por
ser
nenhum

qualquer forma antes renomada trans figura em plasticidade abstênica. pare por favor. e agora, josé?
era claro que eu ja conhecia esses trilhos. ja passeei por eles anteriormente, de olhos fechados e maos equilibrando um pouco o corpo cadente. seria interessante se nao precissasse deles, não? quem sabe um dia ainda atinja esse tu ápice fenomenal entre corpos polidos e despedaças então? curiosidade fraterna não? como tudo que me lembra você, tuas idéias desordenadas feito tua lábia perspicaz e ruidosa. que sai pingando por ai, feito favos de méis. nada disso. feito gotas de orvalho? hahaha feito pingo de sangue, pinga do bangue. mas nada disso importa a, vou abrir a porta a. pra? não disse que queria definições. feito essas tuas cidades virtuais, feito essas tuas voltas tropicais. pão seco todo dia, tropical melancolia, feito aquelas poesias de um dia ensolarado e animado, em frente ao carro de som: mininu, deixa o pessoal da letras mostrá esses negócio deles aqui? é interessante, menos mal, masmo mau, velho sufoco caridoso ruidoso cadoso bondoso, que nem aquela velha poesia concreta? que tu guarda e de vez enquando abre os olhos e espia algo por aí, de olhos ainda cerrados e palavras duvidosas, me perguntando o que acho então desse tipo de possessão: DAHORACARA.

sozinho é ridículo,
a gente não pode fazer nada.

e eu amo o rogério.

sábado, 29 de agosto de 2009

olho para o lado
ainda vejo no retrato
conserva um rosto bonito
e um riso natural

nada mais rima por aqui.



só poderia significar:
PÁSSARO.

- EI, CARAS, VOCÊS TOCAM PRA CARALHO!

o olhar insistente à procura da chegada, ouvido turvo e cansado a ouvir a rota sendo costurada - próxima estação: Consolação. enquanto portas se abrem, há sensação trêmula de pés que não mais pisam - seguem. próxima estação: Clínicas. a cara no vidro, um corpo, um reflexo, fundidos àquela montoeira prata que vai pingar. as barrigas agora confundidas em filas, à inércia do vácuo torto. ou os olhos da mulher devorando a confusão das páginas de maneira distante, a sair com os pés do pedal e pouco recurvar os olhos enquanto mais um mascava aflitamente, roia as unhas e ajeitava as gravatas. uns olhando pra fora (fora de quê?), poucos aos olhos. São Joaquim lotada de devotos em plena seis da tarde, o cruel e azedo wrãsh. eu fico com poetas da Sumaré, nem alegres ou tristes, compondo porque o instante existe. e então ela fecha o livro, tira os óculos e os coloca no decote em vê, por entre os seios. paramos para esperar a movimentação do trem à frente - próxima estação: Vila Madalena. agora ela põe a mão no queixo e tira um vermelho cachecol da bolsa, o cinza da metrópole tortuoso e todos dopados... chegou. e a gente acende um cigarro. e esquecem. instantes tragados de tempo que passam de outro jeito, em pequenos traçozinhos ou fileirazinhas, queimando aos poucos e às brasas poluindo ou fundindo, tanto faz. em mais fila e mais gente, nenhuma boca, nenhum ouvido; tínhamos fones, cadernos ou livros. os mais ansiosos tremiam um bocado, a esvaziar as bolsas apressadamente, movimento contínuo e rápido, procurando o esquecimento, cigarro na boca e fogo ao gatilho - assim que portas se abrem. e esquecem. tragados instantes e eu já não aguentava mais, roia as unhas, enrolava o cabelo, apreciava cada gota de suor dos porcos a escorrer-lhes o pescoço e molhar-lhes o colarinho, ou escorrer-lhe ao queixo, pingando no peito. inevitável. pensei em correr, portas fechadas, carros muitos carrancas mostrando os dentes. olhavam a fumaça do carrinho do milho subir lentamente até o cinza máximo, a manteiga derretendo e os vidros entre eu e o desejo e uma lembrança salivante. pessoal, esse aqui é expresso, se alguém quiser parar no meio do caminho deve pegar o Rio Pequeno, esse auqi vai direto e só pára na Cidade Universitária. ê, lendários. agora o tempo suava, soando em pequenas luminosidades, feito luzinhas de natal ou vermelhinhas feito aquelas dos tênis infantis. pisa-e-acende. tudo inspirador, lendário ou parasita. na verdade? ah, tanto faz. sonho duplex 25998221. luz natalina, dos sapatos ou incontáveis janelas e antenas, faróis, lanternas automotivas. tanto faz. tudo soa parecido - TíC TáC. massagem tântrica com olhos aromáticos 25698745. um cão frágil já tinha os olhos ardentes e agulhas o espetavam por todos os lados, lados todos todos todos. era agulha que não acabava mais. o que já tinha acabado de vez era a minha paciência. eu não podia esperar nem mais um minuto. nem mais um segundo a esconstar o braço naquela lateral metálica e fria, nem mais um instante a encostar a cabeça naquele vidro fosco ou olhar aquelas luzes insistentes, muito menos a sentar naquele assento quente e pinicante. e não podia acender e esquecer. vó maria consultas búzios e tarot 25693587.

domingo, 23 de agosto de 2009

passando

era engraçado o jeito que olhava pras suas mãos. bonitas, eu insistia. apesar dele dizer sempre que não. longas e magras, fortes, ressecadas. lindas. combinava mesmo c'aquele olhar. saudade.. quem mais teria os olhos amarelos? sonhos passeando na chuva? a gente se divertia. até que um dia as tempestades desabaram. junto com os trovões. antes a gente bebia tudo isso, lembra? temporais atemporais, pegadas de gelo nas areias, olhos vendados, barquinho pra yemanjá. parecia até figuração, emoção, tempos no tempo. trilha sonora bonita. graças a você.
sempre de bom gosto, gosto de navalha na carne.
tumtumtum.. no bar, lógico. mais um se move à espera. e nada muda. finge que muda, que não passou. e não digere nada! fica por aí, espalhado. não faz mais diferença nenhuma. tumtumtumtum bateu. a saudade bateu que doeu. do bar, lógico. saiu e não ficou mais nada. um pro sul. outro pro centro economico do país, centro economico do país. legal. outro pro centro, outro pro interior. adianta nunca. frase curta, palavra curta, fundem-se no mesmo empasse: garganta doente. ouvido doente. sem sentido algum. como tudo que me remete a isso - despedaçado mesmo. alô alô cacolândia falando, estas a ver mais uma edição do diário de bordo 2008 já morreu, falando diretamente da ordem das idéias: onde tudo deveria aconteder... palavra pontuda, palavra doente, palavra carente, palavra demente, palavra corrente. e aí, cara, deu aonde? diz aí? chegou aonde? chegou nada. tumtumtumtum.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009




por isso amordaçou minha boca para que pudesse ver
e cegou meus olhos para que pudesse falar
mas quanto mais amordaçava, mais via
e quanto mais cegava, mais ouvia
e enquanto mais ouvia,
mais gritava
e ria.

domingo, 16 de agosto de 2009

Não sei do que ri

quem sabe seja na tortura de um grande anjo negro
quem sabe seja na ternura de um grande beijo meu.

A DESCOBERTA DO BRASIL

a trombeta soava e minha gente já batucava. rodeia, rodeia... naquela conversa mole, corpo mole, tanto sol antes da hora. já tinha visto tudo isso. cores, flores, dores, amores, torpores nas proximidades da Idade da Pedra - anos dois mil ou da gordura mal adquirida (ou delicadeza perdida). perdiam e riam, anunciavam e garantiam:
- Ah, eu vô morre hoje!




Panteão brasileiro a entidade suprema é Tupã.
no mato um leão filho de ogum, de grande barriga e postura reta. os olhos claros um pouco escondidos pela juba. enquanto bebia cerveja e sorria, logo viu meu desespero e disse:

- ah! não dá pra não dizer que não é rock n roll!

Dialogando

- antes eu queria ser grande.
- grande pra quê?
- ah, não sei.
- hoje eu tenho nojo.
- quer ir pra cuba comigo?

um dia lá em cuba dançando uma rumba disseram que eu era escandalosa
dancei e não me incomodei porque a rumba já é em si maliciosa
escandalosas...

- eu já fui doze vezes.
- deixa isso pra lá.
- o que é isso na parede?
- um deus.
- acha que eu fico bem de chapéu?
- quer ir pra cuba comigo?

- não, não é uma estrada, é uma viagem.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

pra de cabelo vermelho

o cabelo vermelho
como a alma dela
se perdiam naquela risada
também vermelha

palavreado febril
vermelho
noites insones
vermelhas

beleza auto-destrutiva:
vermelho fraterno

NOSTALGIA!

não é só de pão
não é o mensageiro do ônibus
ou a agendinha vazia
ou o sorriso vadio
ou a tosse desesperada

não é o pedaço de gelo
não é o pedaço de carne
ou a fotografia na janela
ou os óculos sujos
ou a confusão vital

não é o jeito de expelir
não é a maneira de expandir
ou a carta incerta
ou a metáfora aberta
ou o banho de mar
certeiro

é isso aí de dentro
que pensa que não sai.

citando

"corra, não pare, não pense demais
repare essas velas no cais
que a vida é cigana
é caravana
é pedra de gelo ao sol
degelou teus olhos tão sós
num mar de água clara"

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

SÓ NÃO VIA O ROSTO

então quis que o personagem sumisse?
- venham cenários! venham cenários!
cenários vieram então. inúmeros. muitos. tantos. outros.
cenário atrás de cenário. cenário e mais cenário. canário.
bastidor atrás de bastidor? e agora?

sua mão direita toca minha esquerda. seu corpo é o oceano.
oceano sereno, oceano revolto, oceano solto, oceano sem fim.
de ondas traiçoeiras, de belas criaturas, misteriosas conjulturas.
conflui(ria) tamanha oscilação.

"quando eu virei alma sem lugar
foi do seu corpo e não do meu
que eu mais senti falta.
eu pensei que eu era você,
de tanta ausência sua.

e então me olhava no espelho
e só via a melancolia.
as pernas da melancolia,
braços, mãos, peitos,
a bunda da melancolia.

só não via o rosto.
a melancolia não tem rosto".

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

por hora pensei que
isso aqui fosse
sumir
subir
que isso aqui
deixasse de fazer

que a então dança
das palavras
não
são
então
patéticas
frenéticas
estéticas
estáticas

OUTRAS NOTAS DE UMA ORELHA ESQUECIDA

se você vai ler pela primeira vez, eu o invejo. não é todos os dias que temos essa revelação, logo no primeiro encontro com tais versos. e digo-lhe mais: você vai encontra-lo em um de seus melhores momentos.
os elefantes são por definição mitológicos, não tivessem eles carregado o mundo no dorso durante tanto tempo. o autor é também um mito. não ficaria nada admirado se, depois de ler o livro, você me viesse com uma pequena decepção.
pode acontecer que você já tenha ouvido elogios a respeito do autor e queria saber qual que é. em primeiro lugar, não empregamos uma linguagem bárbara. em segundo, o autor é um dos melhores vivos do brasil, quem sabe do mundo. e por que ele é menos conhecido? por ser misterioso. ninguém sabe onde mora, ninguém o vê. sabemos que existe pois publicou algumas coisas e - eis o thebest - de tempos em tempos aguns privilegiados recebem folhetos seus pelo correio. quando isso acontece os privilegiados vão para um canto e saboreiam as páginas como quem lambe os beiços. depois pelas ruas trocam sinais misteriosos, cochicham, olham para o mundo de cima. se alguém pronunciar vampiro de pasárgada, é ele. especialmente se lhe falar em pasárgada. e se há uma no mapa com esse nome, é outra. pasárgada mesmo está todinha nele. com seus tarados e solteironas, botequins e casos escuros. alguns pasargadenses ficam orgulhosos quando lhes dizem que moram na capital do mundo. mas isso é um código que eles não entendem. na verdade, eles nem moram na pasárgada.
não se preocupe com as histórias. se elas não terminarem é porque os personagens regressaram à sua vida normal ou o autor não quis acompanhá-lo mais. todos vivos, a distância entre as páginas e a realidade é menor do que entre uma rua e outra. (cuidado com os alfinetes. eles podem espetar quando você menos espera. não dê dinheiro ao velho). o segredo da grandeza de um autor é esse: trazer o mundo para dentro, sem distorções, sem desidratar a realidade. viver já é em si uma coisa espantosa. manter-se é como empalhar o pássaro sem que ele deixe de cantar. que faz? não empalha.
nas estórias não encontrou grandes tragédias ou sujeitos exepcionais. quem sabe seja um mundo tão real que não seja captado para nós de hoje: sua obra é todo um ato de sobrevivência (uau auau miau!). sobrevivendo num tipo de linguagem, num tipo de vida, num tipo de morte. teria escolhido uma estrada simples? dos que têm algo a dizer?
elefantes morrem na solidão. e além de tromba e marfim, tem dias de circo e furor. no mais, são mediocres e pacíficos. não diferem muito de nós. para o autor, homens vivem florestazinha particular, um assombro. homens-animais que precisam de ternura, tortura, sonho, frustações e chocolate.





(adaptando diretamente da boca da orelha de "cemitério de elefantes")

SUA RUA SUA RUA SUA RUA MINHA? MINHA! NOSSA. NOSSA? MINHA NOSSA!

abrir na paisagem pequenas trilhas que permitam escoar e dissolver o insuportável peso de um presente cada vez mais opaco e complexo. o encantamento do concreto transformado pela fome do olhar, afinal, cuidar é uma atitude. amor. missão. olhar além do mesmo olhar.

COLETIVO (ADAPTAÇÃO)
o tempo é um paralelo, a verdade e a mentira, engano do principio, percebemos pouco o que nos falta realmente, é instinto oculto, destino sábio e burro, palavras, sinais, principios morais, ética sem bom senso. quase tudo sabemos no mesmo em que escondemos, doutrinas, experiencias, derrotas, vivencias.
dúvida clara, escuridão acesa.
enquando os ciclos cada vez mais quadrados se agrupam em massa. corrupto é o pensamento ao acordar da rotina insegura. a viagem cansada, o passageiro vagando em sua janela suja... sem porém ele vai, sem sabor por instantes, carrega o que lhe foi guardado. permanece o brilho instável de nascimento? fim incauculável ausência de um finito, sensações estranhas, missão tamanha, e de luxo a fé e o coletivo. um distintivo?

domingo, 9 de agosto de 2009

pudera mesmo as passagens se sobressaissem ao anseio de pregar-se à cadeira e se lamentar, mas aos curiosos nada resta mesmo além da sala escura e do vazio na multidão. pudera os desejos sinceros e travestidos pudessem vir à tona delicadamente, mas eles vêm de sorrateira à espera do perdão. a associação não passou de um pesadelo que, entorpecida, tornou a tomar. porque não desiste e pensa que resiste, mas que na verdade tosse e exala felizmente algum cantinho qualquermente encantado. e mesmo que nu, ainda resta o que pensou ser encantos e o palavreado sincero de um admiravel mundo novo. ou o rostinho infeliz de alguma mágoa sutil e dócil. a pratica é assustadora e a ousadia também. otário o que fechou os olhos na primeira vez em que viu. ou deixou-se abalar pela linha tênue entre a ironia e o desejo. a mão que te estende são essas, palavras. livres, confusas. e tristes.
a verdade inimiga do conforto soube-se de primeira até que a serpente mostrou-lhe o caminho da maçã. confunda-me deus, pelos tremores conceituais que tornei a chorar. se só aqui que posso contar aqui resta. na espera de algum ouvido amigo. mas quando aparece, estremece. ou deixa-se levar. afoga-se, mergulha. entra para a verdade da mentira. ou pela porta dos fundos. ou pela caixa do correio. ou pela cara que lhe esbofeteia e coloca-te na realidade de que o que buscou foi ilusório. ou transitório. os otimistas ficam com o ultimo. e quando não se resta mais saída, a gente se conforma. ou reconhece que o jeito é tolerar, virtuosos os impotentes. tão imperiosas as vontades que nao pode-se satisfaze-las sozinho? hora essas que passam tao rapidamente que nem sente o que outrora julgou fazer-se então poderosa. e de peça em peça suou até escaldar-se de tão exausto, deitando em cima da montanha esclarecido então de que finalmente falava sozinho.
- é minha marca de poder, GATA.
- é a marca de uma maquiadora, cachorro..
- ele é... SENSACIONAL! mais veloz que um míssel, destroi grandes estruturas com sua visão térmica e seu suuuper latidoo!
hã?

agentes do homem de olho verde, eu aposto.
verdes verdes verdes
verde que te quero verde.
é tudo uma grande volta!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

LIMITE - até que a gente tira bom proveito disso

e não é que os olhos do baiano eram pretos! inteiramente pretos! na tarde quente do teu inverno, soteropolitano? tô na Preguiça. era uma praia linda, não tome a parte pelo todo. cheio de

frenéticos lunáticos beatos palhaços de mentira carentes covardes eruditos de esquina carreteiros carteiros careteiros esquisitos pontiagudos fiéis rechonchudos voláteis e insones. e urubus, sempre. cheia de pássaros, de gatos, de trapos, de pratos, aos trancos e barrancos.

saudade daquele nariz.
e dos cabelos pretos.

last week, see you

trabalhei feito boi de carga. uma pena enorme para alguém já tão velho. não sinto mais as pontas dos dedos, dos pêlos, dos medos, dos jeitos. nem as sobrancelhas, nem os pés, nem o lado esquerdo. pensei que fosse deixar de lado, mas eu adoro o kid foguete. adoro. o filho da puta tá sempre tocando a campainha na hora errada. distraído que só o pobrezinho. formação rápida com essa tecnologia pura. é só testar. nunca quis saber de nada. (adoro a confusão entre terceira e primeira pessoa do singular). engraçado até.
antes sem espelho,
agora envidraçado.

veja só.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Miscelânea, prazer.

Aquele passar atento alerto, desconfiado. Um corpo ágil, sinuoso, veloz, misterioso, sombrio, negro.. tão escuro que à escuridão só se avistava os contrastantes olhos verdes, enormes, lindos e arregalados, fixos aos meus.. aos mais detalhados movimentos.. comecei choramingando-lhe aos ombros, molhando parte daquele corpo magro e volátil. todo o contato lenta, sombria, assustadoramente bom. tão sombria e assustadoramente bom que no dia seguinte até acordava cantarolando alguma poesia que a gente não vive em alto e alegre tom..

Cass destruia sua beleza. beleza descomunal:
- você nem sabe a sorte que tem em ser feio. sabe, aos menos, que quando alguém se aproxima de você é por alguma coisa além da aparência. mas tua cara é bacana, esses caras não sabem de nada. me acusam de ser bonita, mas esquecem que não é a única coisa que se pode ou deve ser. esses filho da puta. acham que só porque nos pagam umas biritas são donos da gente. pensei que estivesses interessados em mim e não só no meu corpo.
- me interesso por você. e também por teu corpo. mas duvido que a maioria não se contente com o corpo.
Uma pena.

se suicidou, cortando a garganta.
a mais linda da cidade, morta aos vinte anos.

- O QUE?
Ah, me dá mais uma dose. e de vinho quente. do coração.

- e além disso ainda acham que sabem tudo sobre você. que já viveram tudo, que entendem tudo. sem cores vibrantes, mas ar soberano, seres superiores, suma sabedoria.. admirável sabedoria.. uns merdas. surdos de olho, cego de ouvido, estúpidos e precocemente inválidos. quando não se sabe dizer só por dizer, se escuta. fale o que quiser. e na minha escuta te deixo a dúvida fluída entre o não entedimento, o silêncio, a ausência. oua torturante indeferença. mas deixe disso.
fale-me.

- Orelha de aluguel? Pavor! Pavor!

- Ah, nada disso. Fale-me. é tudo brilhante no meu cérebro distante. mesmo quando você pensa que assusta, dizendo ser bem pior. devaneios tolos a te torturar..

- completamente tarados, atônitos e lelés. repetitivos? incrível como o Sol enlouquece a cabeça desses caras, questão de segundos. já contaram: evidente necessidade do samba, da necrofilia e da saudade! prato cheio eu engulo rápido. sempre engoli. me criei na Beira do Mar. tem paisagens distantes com amplidões medonhas. e tantas vidas de longe que sonham em cair na Beira do Mar, com suas carinhas tristonhas. bebendo Limite, com água morna e sal. isso é pura Magia. Cicatriza tudo e rapidinho. os zumbis só vêem isso nos quadrinhos. é da Beira do Mar! como passatempo quero mesmo te ver, cheia de aflição e com devoção. enquanto você diz se afogar no fosso, é a garganta do nosso poço, da Beira do Mar. com a mão em chamas, escrevo histórias com a boca. devorando as árvores e deixando as raízes para o vento, esse que vai levemente lamber-lhe o ouvido. veio da Beira do Mar, estrangular teu riso. larguei essas sementes, tire sua roupa e mergulhe. adoro o suor salgado do teu corpo. me lembra a Beira do Mar. o Zé nasceu no ser tão, é criatura da Beira do Mar. e nos deu a mensagem: à Beira Mar, um Táxi pra estação Lunar, trilhando a linda cabeleira vermelha, raios de um Sol lilás, fogo do corpo que cendeia os raios desse Sol, bela linda criatura bonita. e enquantotodos dizem ser Terra seu nome, é um Planeta Flamejante que veio de longe e foi cegado pelo Sol. aí decidiu se esculhambar...

- Quando a gente não pode fazer nada a gente avalha.

AVACALHA E SE ESCULHAMBA.
dançarinos da Terra, inundem-se à Beira do Mar.
Pedidos no Tempo?
Tempos Perdidos?
Pedidos no Tempo?
Tempos Perdidos?
Pedidos no Tempo?
Tempos Perdidos?
Pedidos no Tempo?
Tempos Perdidos?

Não adianta.
Tantas palavras
Um só zunido
E meu
repetido
Solêncio agudo
de dizeres mudos.

Uma pena.

Confusão, mental, confusão mental...
isso é coisa da sua cabeça...

personagem não tem quem.
nem cara.
nem coroa.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ah, minha Baiana..

a minha Baiana
tem a pele da cor
de areia da praia
na hora do Sol se pôr.

a minha Baiana
vai embora comigo
pra qualquer lugar
desde que tenha um céu colorido
e um belo luar.

a minha Baiana
vai fugir comigo
e a gente vai viver em paz
longe de toda essa peleja
fazendo amor como só ela faz...

a minha Baiana
de corpo todinho moreno
e um monte de trança no cabelo
na Bahia me enfeitiçou
e nessas tranças
me amarrou.

a minha Baiana
agradeceu pai Oxalá
e mamãe Yemanjá
e se amou comigo
numa Cidade de Luz
onde mora Santa Bárbara,
Oxumaré e Jesus.

a minha Baiana
me contou histórias do velho Omolu
me levou pros braços de Nanã
num delicioso fim de tarde
na Praia de Itapoã.

a minha Baiana
tem olho de fogueira
e corpo sinuoso de serpente
dança feito uma Deusa
é a preta mais linda da cidade
e nem precisa de vaidade...

a minha Baiana
sorriu comigo noites inteiras
dançou e cantou:
Kaô, a justiça chegou,
Xangô!

a minha Baiana
se amou comigo
na Praia da Preguiça
e com aquele perfume de Oxum
me envolvia feito areia movediça.

Ah, minha Baiana
seu corpo moreno...
seu olhar sereno...

me contou um segredo:
essa terra é a mãe de tantos encantos
porque fez-se da mistura de muitos prantos.
- Bem-vinda, minha nega, isto é Bahia de Todos os Santos!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Terra da Alegria

cada vez que eu olho
o céu dessa nossa bahia
terra de tantos santos
e encantos

eu tenho vontade
é de mandar tudo pro ar,
olhar pra esse mar
e me armar
só de amor.

terça-feira, 21 de julho de 2009

amadurecer, ama duro ser, duro de amar, duro de ser

são humores de rumores
carência
descontínua
experiência
e de insólita vontade
decadência
desimune
imprudência
desmontando fio a fio tal
essência
irônica
consciência
ciclo de busca
transparência
na incansável
maledicência
antagonismo narcoléptico
demência
impune
existência

minha insistente
displicência.

Ah, esse cara tem me consumido. a mim e a tudo que eu quis, com seus olhinhos infantis.

"e você, que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica uma piada: impossível ordenar um mundo de idéias, ninguém arruma a casa do capeta. Só um idiota recusaria a precariedade sob controle, sem esquecer que no rolo da vida não interessam os motivos de cada um - essa questãozinha que vive te fundindo a cuca - o que conta mesmo é mandar a bola pra frente, se empurra também a história co'a mão amiga dos assassinos; aliás teus altíssimos níveis de aspiração, tuas veleidades tolas de perfeccionista tinham mesmo de dar nisso: no papo autoritário dum reles iconoclasta - o velho macaco na casa de louças, falando ainda por cima nesse tom trágico como protótipo duma classe agônica... sai de mim, carcaça. Imaturo ou não, não reconheço mais os valores que me esmagam. Acho um triste faz-de-conta viver na pele de terceiros. A vítima ruidosa que aprova o seu opressor se faz duas vezes prisioneira.

... e?

e tem que isso me leva a pensar que dogmatismo, caricatura e deboche são coisas que muitas vezes andam juntas e que os privilegiados como você, fantasiados de povo, me parecem em geral como travestis de carnaval."




E dá-lhe Literatura Maldita!

domingo, 19 de julho de 2009

(Des)Ordem no meu Discurso alijado de circulação.

Eu ainda dormia. Feito pedra! Mas aquele falatório todo não dava para ser silenciado nem sob a força de meu travesseiro pressionando minha cabeça. Que merda. O que seria toda essa agitação? Deveria ser mais uma "Cãominhada" (!) ou, seilá, 10km Tribuna FM versão seja-saudável-você-também. Eu explodiria toda aquela merda. Uniformizados correndo em série, plastificadas andando em série, com seus cachorrinhos malditos... eu tinha certeza, tinha certeza de que era algo desse tipo. Algo amaldiçoando a praia, andando feito robôs pelas ruas. Desde cedo eu vejo isso. É o grande evento da cidade: 10Km Tribuna FM. O pessoal se prepara o ano todo, se bronzeia, acorda cedo, come umas merdas que eles pagam caro pra caralho e pensam estar sendo saudáveis, mas que na verdade não passa de bosta coberta com chocolate lightdiet, seilá. Aí eles desfilam lindos, musculosos, magros, secos, ah.. que saco, quero dormir, hoje é domingo e domingo anuncia a segunda-feira, iniciando mais uma semana sem nada de interessante e fodam-se essas roupinhas de ginástica.

"Ei, você aí, Jesus te ama até o Fim!"
"Ei, você aí, Jesus te ama até o Fim!"
"Ei, você aí, Jesus te ama até o Fim!"

Caralho. Fodeu. Acabou de vez.

"Ei, você aí, Jesus te ama até o Fim!"
"Ei, você aí, Jesus te ama até o Fim!"
"Ei, você aí, Jesus te ama até o Fim!"

Eram vários. Com banda e tudo! Trio elétrico. Estávam frenéticos! Eu me cutuquei e falei: "caralho! MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE!! Fodeu, eles voltaram." Aí eu me dei conta que não, eles não 'voltaram' coisa nenhuma. Eles tão é pegando a galera de jeito. Minha irmã começou a gritar: JESUS TE AMA! JESUS TE AMA! Todos os cantos começaram a falar SEM JESUS NÃO HÁ SALVAÇÃO! SEM JESUS NÃO HÁ SALVAÇÃO! E, caralho, eu pulei da cama desesperado, joguei água no meu rosto e no espelho tava escrito:

SIM, TUDO ESTÁ BEM, QUANDO SÓ SE BUSCA A VONTADE DE JESUS, JESUS TE AMA.

Eu tava ficando louco? Toda aquela Ordem do Discurso tava mesmo enozando minhas cabeças e a ordenação daquele discurso com verdades e poderes se interligando mutuamente, porra, o Deus desses caras estaria mesmo entre o conceito e a expressão? Eu fazia a barba e olhava minhas olheiras no espelho e me perguntava - Quem a Terra pensa que é? Quem a Terra pensa que é? Abria aquela porra daquele livro na Geologia da Moral e enfiava a minha cara naquele cemitério todo, enquando da minha imagem só restava: SIM, TUDO ESTÁ BEM, QUANDO SÓ SE BUSCA A VONTADE DE JESUS, JESUS TE AMA.
E eu tava lá, parado em frente ao espelho reunindo, redistribuindo, organizando todos esses poderes e perigos por sociedades proprietárias-monogâmicas-idólatras, e todo aquele vai e vem já me enjoava, eu meti a cara ra fora do meu ninho, vomitei minhas tripas em cima daquilo e eles continuavam lá fora: JESUS TE AMA! JESUS TE AMA! JESUS TE AMA! HÁ SALVAÇÃO EM CRISTO! E, porra, tavam controlado mesmo o que eu poderia dizer, olhava lá pra fora um bando enorme, uma manada, claramente amordaçada às punições na política e na sexualidade e todo esse campo social rigidamente controlado estava me fazendo suar feito um porco apavorado, eu já tiha me cortado inteiro e restava aquele zumbido JESUS TE AMA! TE AMA! JESUS TE AMA! JESUS JESUS JESUS JESUS JESUS! Eu me esgoelava na janela, mas ninguém ouvia, tava louco de verdade, que bosta, bosta. Discurso falado, repetido, calcado de uma maneira voraz, era milhões, estavam dominando, entrando pelas paredes! A igreja profere esse discurso há milênios através de tantas outras instituições e famílias, e seilámaisoque, de modo que seja trilhado rigidamente, ditando os papéis da ovelhinha de Cristo na Terra onde TUDO ESTÁ BEM QUANDO SÓ SE BUSCA A VONTADE DE JESUS. Estava mesmo louco, não tinha mais discurso nenhum. Tinha palavras trilhadas por algo muito distante de mim e minhas palavras já não poderiam circular livremente por aí. Era o Fim. E repetiam, todas as portas, todas as fechaduras e maçanetas, por entre as janelas e os porões, tudo, tudo, tudo:

O SENHOR É O CAMINHO E A VIDA, QUEM CRÊ NELE SERÁ SALVO, QUEM CRER NELE VIVERÁ.
O SENHO É O CAMINHO, A VERDADE E VA VIDA, O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA.

Eu desci e me joguei no meio daquele mundaréu de papagaios atônitos. Com a cara colada no asfalto e peito nu, eu me contorcia, mas ninguém via. Comecei a berrar. A voz não saia. Nem uma alma me ouvia. Era o Fim. E Jesus ainda me amava.

Eu me agarrei aos pêlos, aos cabelos desse deus e, sim, agora entoava aos meus ossos: CAN YOU FELL ME NOW? Não restava mais nada, eu tava lá, estirado na Avenida, estribuchando novamente feito um porco e ninguém via, a não ser os olhos curiosos das crianças que, lamentavelmente, eram fracas demais e ainda arrastadas pelos braços de suas famílias. Aos gemidos da pop art, eu recuperava, aos poucos, minha voz. Mas meu discurso já não era paupável. Era mesmo o Fim. Eu já estava nu. Nu de mim. Nu de minhas palavras. Nu de qualquer comunicação ou comunhão. Já sem perceber eu sussurrava:

INTOXICATED ME NOW WITH YOUR LOVE NOW I THINK I AM READ I THINK I AM READ NOW.

É, meu caro amigo. Quase morri na contra mão. E tudo o que iam ver, mesmo, era que atrapalhei o tráfego. Mortinho da Silva. Manoel. JesusMariaJosé.

"Rompi tratados, traí os ritos, quebrei a lança, lancei no espaço um grito, um desabafo. E o que me importa é não estar vencido.
Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos.
Meu sangue latino, minha alma cativa"
?

sábado, 18 de julho de 2009

A Dama da Viola

Eu não sei lê, num sei escrevê, nunca fui na escola. que que eu fui fazê? eu fui é tocá viola."



Essa mulher vale a pena. Helena Meirelles, violeira cantora, compositora, transgressora. Nascida no pantanal do Mato Grosso do Sul em 1924, passou a vida entre fazendas e prostíbulos, desafiando uma sociedade que não admitia que mulheres tocassem instrumentos. Aprendeu a tocar sozinha e escondida aos oito anos de idade. Fugiu de casa aos 15 anos por causa de tentativas de abuso sexual por parte do pai. Teve o primeiro o filho aos 17, depois vieram mais 10. Os onze filhos que teve Dona Helena pariu sozinha. Tocava em troca de alguns trocados e comida em festas, bailes e bares ou onde houvessem ouvidos no Mato Grosso do Sul e no interior paulista. Nos bordéis, fez seu nome - prostituiu-se durante três anos. Tocou, bebeu, fumou, se casou três vezes. Fêmea brava!






Em 1980, foi apresentada por Inezita Barroso no programa “Mutirão”, que a cantora comandava pela rádio USP de São Paulo. Inezita Barroso, nessa oportunidade apresentou Helena Meirelles tocando ao vivo e mostrando seu trabalho. Inezita também foi responsável por apresentar a violeira em seu programa “Viola, minha viola”, na TV Cultura.
Entre os anos 80 e 90, Helena gravou uma fita que não recebeu grande atenção em diversas rádios.

Em 1993 um sobrinho seu enviou uma fita cassete com três músicas dela para a revista norte-americana Guitar Player - que a escolheu como a Instrumentalista revelação do ano. Logo após, foi a única brasileira que esteve entre as 100 palhetas do século, junto com Eric Clapton e Jimi Hendrix, por sua atuação nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas. Considerada a Grande Dama da Viola.

Poucos cultivaram a cultura musical de fronteira como ela. Helena também tocava outros instrumentos, mas foi com a viola que consagrou-se e revelou os encantos musicais pantaneiros. Com influências paraguaias, sua música seguiu os ritmos de sua região. Ficou reconhecida pelos sul-mato-grossenses como expressão das raízes e da cultura da região. Gravou quatro álbuns: "Helena Meirelles" (1994), "Flor de Guavira" (1996), "Raiz Pantaneira" (1997) e "De Volta ao Pantanal" (2003). A primeira vez em que entrou em um cinema foi para ver o documentário sobre sua própria vida - “A dama da Viola”. É também o tema de outro documentário - "Dona Helena", ambos são de 2004.

Faleceu aos 81 anos, em Maio de 2005.
Um dos absurdos musicais do que tem espalhado por esse país.

"

tanta inquietude num corpo flexível.

todo o movimento daquele ser inquieto, louco para arrebentar os moldes que pouco serviam para contê-lo. escandaloso, falava pelos cotovelos, pedia para massagiar-me a nuca, os pés, rodopiava e me levantava no ar, feito bailarino. e sentou ao meu lado, embalando um papo incoerente e desconexo, exatamente do jeito que fazia sentido pra nós dois e pra quase mais ninguém. e ali ficamos a tarde toda, alegremente. passou umas semanas e ele sumiu. não estranhei, fazia bem o tipo daqueles que gostam de rodar por aí, ignorando qualquer tipo de ordem, e algum dia voltar sem explicações. elas não faziam falta. numa tarde entediosa, onde meus companheiros esgoelavam-se para ver quem gritava mais alto, eu tava de saco cheio e fui tomar um café ali perto com uma amiga. a mais linda por sinal. cabelos cacheados, pele branca e belos seios. quase um fogaréu ambulante. mais linda ainda era quando fumávamos e ela tentava me explicar filosofia, com aqueles olhos vidrados em mim, a boca entreaberta e palavras arrastadas. mas enfim, ela não é o caso. ainda. o caso é que ele estava lá, jogado, sozinho, com o corpo envergado e dormindo. minha amiga tentou acorda-lo - nada. levantou-lhe a cabeça, mas ele não acordou e quando sua mão desapoiou sua face, ele novamente caiu. eu tentei acorda-lo. acariciei-lhe os cabelos curtos, as costas... levantei-lhe a face na direção da minha e pedi para que acordasse:
- acorda, por favor. assim você nos deixa triste.
dei-lhe uns tapinhas na cara, bem de leve. ele acordou. e olhou para mim. aqueles olhos verdes estavam desesperados. silenciosamente pedindo socorro. provavelmente ali, a tarde toda e ninguém ouviu. esses surdos. eu à flor da pele como de costume me assustei.
- o que houve com você, por que tá aqui sozinho, quer ajuda? eu pego algo pra você. mas fica bem. por favor.
abriu a boca. tinha um cheiro insuportável de álcool. não conseguia pronunciar uma palavra, mas me deu um ligeiro sorriso e voltou a cair, com a cabeça nos joelhos. aquele ser inquieto. pouco o conheci. mas a desordem nos nossos olhares se reconheceram de primeira. acho que tenho esse dom.
dei-lhe um abraço e parti com minha amiga. ela já o conhecia há uns anos e às vezes se beijavam por aí. faziam um atraente par para mim. a gente foi fumar e sempre aquele papo incendiário de deus, natureza, pensamento e cultura. e muita loucura. um assédio só. até que ele voltou. nos contou que tinha participado de algo que envolvia muito álcool e poesia e por isso estava naquele estado. sentou ao meu lado e me disse que eu era a pessoa mais linda que ele já tinha conhecido. que não era possível haver tanta bondade e identidade em um olhar e que ele me amava como irmã e queria minha companhia sempre e que eu não poderia sumir dali. eu tava numa fase estranha, de transição, de saco cheio de todo esse falatório dividido em castas e não queria saber de muita coisa além de andar de uma lado para outro. sai com ele e com uns amigos para tomar cerveja no dia seguinte. ele me contava que as pessoas tinham que libertar o Leão que tinha dentro delas: graaaww. e a gente andou por aí, repetindo isso aos cantos, ninguém nos levava a sério e sabíamos disso. mas não importava, quem falava eram nossos leões. a gente sentou em roda e ele, em perna de índio, tirou um caderno da bolsa. parecia uma criança. me mostrou uns desenhos incríveis. eu fiquei de boca aberta. eram mesmo impressionantemente expressivos. eu sentia eles tatuarem a minha pele. vários rostos. inúmeros rostos. anotou meu e-mail com um giz de cera. e sumiu. nunca me mandou um e-mail. nunca mais apareceu por onde costumava aparecer. parecia assustado também. aquela figura era única. concentrava tantos dentro dele, eu queria conhecer todos. passaram-se umas semanas e ele apareceu numa festa que eu estava. me olhou de primeira com vergonha, sabia que seu Leão muito tinha me contado. mas também sabia da identidade de nossos olhares e se aproximou, disse que era bom me ver. depois disso, a gente se cruza em algumas festas ou em alguns corredores por aí. sempre é bom vê-lo bem. ele tá quase casado, com uma mulher de aparência forte. a desordem presente na gente sempre se atrai. e arranca sorrisos um do outro. basta para nos comunicarmos.
para mim ele é um ponto de interrogação e muitos de exclamação. em poucas vezes, muitos seres manifestos naquele corpo flexível. todos esses seres se identificavam na inquietude louca de romper tudo quanto era moldura que ousasse nos prender.

domingo, 12 de julho de 2009

CAPITALI$MO & ESQUIZOFRENÉTIC@S

- vá vencer na vida, filhinha, vá vencer na vida.



me dizia aquele maldito velho já escroto, caquético, quase sem dentes.
- vença na vida, menina, vença.
ah, fodam-se. tomare que ele enfie o dinheiro e o dedo no cu. quem sabe assim ele vence primeiro essa falta de vida que falta pra morte dele. dinheiro e conseguinte felicidade? vão pra puta que pariu. se fosse mulher saberia que posso virar puta.
- o que vai fazer estudando os orixás, menina?
vou é fazer mandinga pra que esses teus míseros momentos que te restam sejam lotados de miséria. pra que esse teu probleminha de fim do mês se resuma a meter um pão na boca e um copo de água na garganta. fodam-se. já me fartei dessa merda toda. se não é isso, são os fanáticos. mas eu prefiro eles. os messiânicos. aqui nessa terra tem que ser tudo em nome de deus, mesmo.. e se já não bastasse esse medinho infeliz da perda... ahhahahaahahah medo da perda? seus bostas. quem perde a vida são vocês. lixos. escravos. do trânsito. da moda. do orgasmo forçado. e ainda me vem com essa politicazinha suja, imunda, falsa.. hipócritas! militantes do medo, da mentira, cheios de pulinhos e de biquinho fechado, só aberto pra espalhar da piadinha alheia hihihi. corrosão maldita, queime essa merda toda, se consideração se resume a isso eu prefiro arder no mármore do inferno e descolar uma boa trepada com o diabo.


M E R D A !


se ao menos dessem ouvidos a todo esse falatório desordenado, a todas essas cabeças se espremendo pelos cantos, a todo o vento engolido pelos prédios, a toda boca que só cala, todo ouvido que só ouve, a todo calo nas mãos, a todo sorriso sujo de feijão, a todo pé descalço, a todo desespero alijado nas bocas cotidianas, a toda lágrima que cai muda e sozinha porque se conserva medo, moral e razão. e culpa. se ao menos ouvissem os (en)cantos agonizando em solitarias mentes por puro movimento vadio e perdido. é essa maldição que engole e cospe mantendo todo esse (des)esquilibrio vadio entre inclusão e exclusão. chega.


agora? senta e chora.
castigo-te por buscar.
era melhor se calar.



vomitar esse tédio todo por algum canto escondido. onde só estejam os porres, as porras, os restos e os rastros. mais uma fábrica abandonada tomada pela escassez desses malditos dias que soam em frenéticos tictacs alucinados, desnorteados. eu prefiro me perder! e repetir incansavelmente essas palavras febris e cíclicas.. do que dançar nessa folia de "mão com mão, pé com pé". palavras mal escritas, palavras mal ditas. antes fossem esquecidas e digeridas? mas não desce! e se desse, eu enfiaria o dedo na garganta à sua busca. já não se sabe se levanta a cabeça e acha a luz ou se abaixa e morre. seria mais um nu a beira da marginal tietê, mais um número, mais um cadáver indigente - sem documento não é gente, sem documento não é gente... o caralho! Direitos? direito eu tenho é de me matar até a morte. e caio no funkfilosófico do "destrói com a História, acaba com a moral". gaguejo!! em vez de sujar minhas mãos de $angue... parar e respirar e ser atropelada por mais um apressado atravessado. olhar para o lado e só achar hipocrisia, autoridade e covardia, edifícios, bancos e artilharia! vou é me encantar! onde se esconde o palavreado febril dos bêbados, o suor afoito dos amantes, o embalo tresloucado dos apaixonados, a fé dos carentes, a curiosidade das crianças, a espontaneidade dos animais, a ousadia dos desobedientes. "destrói destrói destrói com a História, acaba com a moral"..


AFASTA DE MIM ESSE CALE-SE!!!
senhor cidadão, filhodeumaputa, venha cá e me diga quantas toneladas mais de medo e covardia você vai despejar na construção da tradição? senhor cidadão, me diga o porquê.. se o dia todo você passa, bate e volta, vai e vem - e já parou pra reparar quantos gritam ao seu lado? já parou pra reparar que aquele montaréu de papelão que você desviou é mais um coração perdido? já parou para ver as lágrimas escorrerem pelas paredes dos velhos e nostálgicos edifícios arruinados? já parou para tentar achar coerência ou ao menos carência na fala daquele louco que estribucha na tua esquina? já parou pra pensar nessa boçal "civilidade" em que vc desvive? já parou pra se tocar que vc enche o cu de propriedade e teu empregado não tem teto?
senhor cidadão me diga o porquê de você andar tão triste. é porque na briga eterna desse mundo tem que ferir ou ser ferido?






- MA$ QUANTO VALE ISSO, MOÇO?