sábado, 29 de agosto de 2009

- EI, CARAS, VOCÊS TOCAM PRA CARALHO!

o olhar insistente à procura da chegada, ouvido turvo e cansado a ouvir a rota sendo costurada - próxima estação: Consolação. enquanto portas se abrem, há sensação trêmula de pés que não mais pisam - seguem. próxima estação: Clínicas. a cara no vidro, um corpo, um reflexo, fundidos àquela montoeira prata que vai pingar. as barrigas agora confundidas em filas, à inércia do vácuo torto. ou os olhos da mulher devorando a confusão das páginas de maneira distante, a sair com os pés do pedal e pouco recurvar os olhos enquanto mais um mascava aflitamente, roia as unhas e ajeitava as gravatas. uns olhando pra fora (fora de quê?), poucos aos olhos. São Joaquim lotada de devotos em plena seis da tarde, o cruel e azedo wrãsh. eu fico com poetas da Sumaré, nem alegres ou tristes, compondo porque o instante existe. e então ela fecha o livro, tira os óculos e os coloca no decote em vê, por entre os seios. paramos para esperar a movimentação do trem à frente - próxima estação: Vila Madalena. agora ela põe a mão no queixo e tira um vermelho cachecol da bolsa, o cinza da metrópole tortuoso e todos dopados... chegou. e a gente acende um cigarro. e esquecem. instantes tragados de tempo que passam de outro jeito, em pequenos traçozinhos ou fileirazinhas, queimando aos poucos e às brasas poluindo ou fundindo, tanto faz. em mais fila e mais gente, nenhuma boca, nenhum ouvido; tínhamos fones, cadernos ou livros. os mais ansiosos tremiam um bocado, a esvaziar as bolsas apressadamente, movimento contínuo e rápido, procurando o esquecimento, cigarro na boca e fogo ao gatilho - assim que portas se abrem. e esquecem. tragados instantes e eu já não aguentava mais, roia as unhas, enrolava o cabelo, apreciava cada gota de suor dos porcos a escorrer-lhes o pescoço e molhar-lhes o colarinho, ou escorrer-lhe ao queixo, pingando no peito. inevitável. pensei em correr, portas fechadas, carros muitos carrancas mostrando os dentes. olhavam a fumaça do carrinho do milho subir lentamente até o cinza máximo, a manteiga derretendo e os vidros entre eu e o desejo e uma lembrança salivante. pessoal, esse aqui é expresso, se alguém quiser parar no meio do caminho deve pegar o Rio Pequeno, esse auqi vai direto e só pára na Cidade Universitária. ê, lendários. agora o tempo suava, soando em pequenas luminosidades, feito luzinhas de natal ou vermelhinhas feito aquelas dos tênis infantis. pisa-e-acende. tudo inspirador, lendário ou parasita. na verdade? ah, tanto faz. sonho duplex 25998221. luz natalina, dos sapatos ou incontáveis janelas e antenas, faróis, lanternas automotivas. tanto faz. tudo soa parecido - TíC TáC. massagem tântrica com olhos aromáticos 25698745. um cão frágil já tinha os olhos ardentes e agulhas o espetavam por todos os lados, lados todos todos todos. era agulha que não acabava mais. o que já tinha acabado de vez era a minha paciência. eu não podia esperar nem mais um minuto. nem mais um segundo a esconstar o braço naquela lateral metálica e fria, nem mais um instante a encostar a cabeça naquele vidro fosco ou olhar aquelas luzes insistentes, muito menos a sentar naquele assento quente e pinicante. e não podia acender e esquecer. vó maria consultas búzios e tarot 25693587.

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