quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Miscelânea, prazer.

Aquele passar atento alerto, desconfiado. Um corpo ágil, sinuoso, veloz, misterioso, sombrio, negro.. tão escuro que à escuridão só se avistava os contrastantes olhos verdes, enormes, lindos e arregalados, fixos aos meus.. aos mais detalhados movimentos.. comecei choramingando-lhe aos ombros, molhando parte daquele corpo magro e volátil. todo o contato lenta, sombria, assustadoramente bom. tão sombria e assustadoramente bom que no dia seguinte até acordava cantarolando alguma poesia que a gente não vive em alto e alegre tom..

Cass destruia sua beleza. beleza descomunal:
- você nem sabe a sorte que tem em ser feio. sabe, aos menos, que quando alguém se aproxima de você é por alguma coisa além da aparência. mas tua cara é bacana, esses caras não sabem de nada. me acusam de ser bonita, mas esquecem que não é a única coisa que se pode ou deve ser. esses filho da puta. acham que só porque nos pagam umas biritas são donos da gente. pensei que estivesses interessados em mim e não só no meu corpo.
- me interesso por você. e também por teu corpo. mas duvido que a maioria não se contente com o corpo.
Uma pena.

se suicidou, cortando a garganta.
a mais linda da cidade, morta aos vinte anos.

- O QUE?
Ah, me dá mais uma dose. e de vinho quente. do coração.

- e além disso ainda acham que sabem tudo sobre você. que já viveram tudo, que entendem tudo. sem cores vibrantes, mas ar soberano, seres superiores, suma sabedoria.. admirável sabedoria.. uns merdas. surdos de olho, cego de ouvido, estúpidos e precocemente inválidos. quando não se sabe dizer só por dizer, se escuta. fale o que quiser. e na minha escuta te deixo a dúvida fluída entre o não entedimento, o silêncio, a ausência. oua torturante indeferença. mas deixe disso.
fale-me.

- Orelha de aluguel? Pavor! Pavor!

- Ah, nada disso. Fale-me. é tudo brilhante no meu cérebro distante. mesmo quando você pensa que assusta, dizendo ser bem pior. devaneios tolos a te torturar..

- completamente tarados, atônitos e lelés. repetitivos? incrível como o Sol enlouquece a cabeça desses caras, questão de segundos. já contaram: evidente necessidade do samba, da necrofilia e da saudade! prato cheio eu engulo rápido. sempre engoli. me criei na Beira do Mar. tem paisagens distantes com amplidões medonhas. e tantas vidas de longe que sonham em cair na Beira do Mar, com suas carinhas tristonhas. bebendo Limite, com água morna e sal. isso é pura Magia. Cicatriza tudo e rapidinho. os zumbis só vêem isso nos quadrinhos. é da Beira do Mar! como passatempo quero mesmo te ver, cheia de aflição e com devoção. enquanto você diz se afogar no fosso, é a garganta do nosso poço, da Beira do Mar. com a mão em chamas, escrevo histórias com a boca. devorando as árvores e deixando as raízes para o vento, esse que vai levemente lamber-lhe o ouvido. veio da Beira do Mar, estrangular teu riso. larguei essas sementes, tire sua roupa e mergulhe. adoro o suor salgado do teu corpo. me lembra a Beira do Mar. o Zé nasceu no ser tão, é criatura da Beira do Mar. e nos deu a mensagem: à Beira Mar, um Táxi pra estação Lunar, trilhando a linda cabeleira vermelha, raios de um Sol lilás, fogo do corpo que cendeia os raios desse Sol, bela linda criatura bonita. e enquantotodos dizem ser Terra seu nome, é um Planeta Flamejante que veio de longe e foi cegado pelo Sol. aí decidiu se esculhambar...

- Quando a gente não pode fazer nada a gente avalha.

AVACALHA E SE ESCULHAMBA.
dançarinos da Terra, inundem-se à Beira do Mar.

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