quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Time

um livro insuportável na estante. um quadro asqueroso na parede. uma panela repugnante. a pele com cheiros intragáveis. a proposta para uma viagem. a volta de outra. as cores, a magia e a necrofilia. o sono pertubado, as noites mal dormidas. meu pesadelo lúdico. gente desconhecida e caminhos absurdos. um ferimento, na cerne da alma. e no rosto. estirou-se de bruços, não faria mais nada. um bilhete estranho. rasgando todas as velhas páginas. rasgaria as cortinas, os sofás, a pele se deixasse. ia achar a resposta. tinham modificado o que tava escrito nos livros. queria tocar fogo na casa. não pôde. as memórias também se rasgaram. as lembranças, ainda mais. as imagens agora esbranquiçadas. tomadas pela amargura. mais alguém voltou de viagem, bom revê-lo. não saberia que seria pela última vez. alguém colocou coisa estranha no meu fumo. alguém jogou alguma coisa na minha bebida. minha visão tá turva, eu tô suando frio e alucinando, eu tô falando com as pessoas, mas o que ouço é a minha voz. esses caras do ônibus são inaceitáveis. tá tendo uma festa, em frente ao buddha. é um churrasco! um churrasco! eu não suporto mais isso. vou deletar tudo isso, sumir daqui, me mudar para pernambuco. não piso mais nesse lugar. nunca mais. e nunca mais pisou mesmo. no mesmo lugar? pf. eu vou abaixar a cabeça e fingir que não vi. eu não enchergo nada de óculos. ah! antônio das mortes! você é personagem real da ficção, é personagem imaginário... você? tem nome? valores abalados e gente que nunca mais verá. um romeu, um cisne negro. é. ainda me lembro bem, cinco maluco em volta da fogueira, é pra lá que eu vô. eu lembro de uma coisa: eles têm os olhos pretos. inteiramente pretos. soluçava sem parar. o filme lhe contava coisas absurdas. não tinha sentido todo aquele sentido. uma tatuagem molesta. mas corra, não pare, nem pense demais, repare essas velas no cais que a vida é cigana. minhas flores morreram. eu esvaziei uma garrafa de pinga e agora canto coisas sem sentido. é pedra de gelo ao sol. um ladrão. dois ladrões. degelou teus olhos tão sós, num mar de água clara. minhas coisas sumiram. eu sumi com as coisas do mundo. chega, quero dormir. não dá. tem gente estranha batendo na porta, preciso me esconder. quem é? um admirador nojento, um estuprador, um tarado. uma menina linda, também tarada. não, agora não. que horas são? tão parados, eu atirei suas pilhas para longe daqui. reze isso que passa. pedofilia! invasão. desilusão. só. fazem uns meses.





um tic-tac vai marcando cada momento de um dia morto e você gasta à toa e joga no lixo as horas, descontroladamente, perambulando de um lugar para outro em sua cidade
natal esperando por alguém ou alguma coisa que te mostre o caminho. cansado de tomar banho de sol, de ficar em casa vendo a chuva, você é jovem, a vida é longa, e há tempo para desperdiçar. até que um dia você descobre que perdeu a largada. e você corre e corre atrás do sol, mas ele está se pondo, fazendo a volta para nascer outra vez atrás de você. de uma maneira relativa o sol é o mesmo, mas você está mais velho
com menos fôlego e um dia mais perto da morte. cada ano vai ficando mais curto, parece não haver tempo para nada. planos que dão em nada, ou meia página de linhas
rabiscadas. esperar em quieto desespero. o tempo se foi, pensei que eu tivesse algo mais a dizer. em casa, em casa de novo, eu gosto de ficar aqui quando posso. quando eu chego em casa com frio e cansado é bom aquecer meus ossos ao lado do fogo, bem longe no campo. o toque do sino de ferro deixa os fiéis de joelhos para ouvirem as encantos mágicos sussurrados."

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