sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Calúnias!

calúnias, calúnias! tudo calúnia.
registro não é verdade. registro é modificação. a verdade é momentânea. o contrário não. de resto, calúnias válidas, muito válidas. e verdadeiras.

" - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. "


e que seja válida qualquer verdade, desque seja verdadeira.
de qualquer tipo, sob qualquer manifestação e sob qualquer registro.



Poética
de Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário