domingo, 1 de fevereiro de 2009

O FANTÁSTICO MUNDO DOS INSETOS

Ah! Já não bastava não ter nada na cozinha que me atraísse no momento. Há dias que a coisa é séria: As prateleiras repletas e nada digno de saciar a sua fome. Até dá aquela enganadinha, coisetal... mas satisfazer que é bom, nada. Novamente foi sucrilhos açucarados com leite. E sucrilhos é uma beleza, vai de café, de almoço, de janta, de tudo! Se for Snow Flakes, então, com toda aquela crocância... E também já bastava-me a solidão de um dia de verão chuvoso, a confusão de páginas freudianas, minha irmã me acordando cedo. E agora quando vou comer o meu sucrilhos de janta, em meio aos flocos crocantes, com toque açucarado especial, em meio à brancura do meu leite, tem um inseto preto nadarolando na imensidão branca! Era uma formiga. E não vá você, encubado, pensando que era uma dessas formiguinhas mirradinhas que aparecem na sua cozinha, próximas ao açucareiro. E já dizia a minha avó que açucareiro deve ficar sobre um pires com água para livrar-se desses pequenos insetos. Você ilha o cobiçado. Fico a imaginar como deve ser ser uma formiga. Acredito que elas devam achar nossos restos - ou não - através do cheiro. É isso aí. Ou você, com seu ar descontraído, acha que é tudo ao acaso na vida dessas pobres moscas sem asas só porque elas se depararam com seu prato sujo no meu do caminho e fizeram bom proveito dessa situação corriqueira? Ah, não. O buraco é mais embaixo. Deve haver, seilá, outra comunicação, uma dimensão formigal que aponta os caminhos às formigas, indicando por onde andar. Ou você, agora com sua objetividade, acha que isso não existe? Ou você também acha que é fácil ser um insetinho no meio dessa imensidão vertical? E, se você quer saber, eu também acredito que haja uma hierarquia, com formigas-chefe, formigas-organizadoras, formigas-desbravadoras, formigas-observadoras... As desbravadoras são as mais legais e corajosas, as cabeças do grupo, elas que lideram e puxam as filas. E em todos os planos! Elas comandam as formigas andando até na vertical. Pra elas não tem diferença, não. São líderes no chão, pelas paredes, de cabeça para baixo... Verdadeiros heróis do bando! São elas que lideram a massa negra ou vermelha. - Pelotão, volver! Nosso tesouro doce está ilhado por uma grande lagoa, sigamos ao próximo destino, cinco graus a leste, agora rumo à montanha abaixo do grande tunel! É tudo uma grande aventura para elas. Deve ser bem legal. E digo mais, digo que esses topos de hierarquia formigal devam receber privilégios, devem ter direito a luxo no formigueiro, se aposentam mais cedo. Vai pensando que Marx disse tudo. E vai pensando que sociologia de grupos complexos é só no meio urbano-humano. Não é bem por aí. Mas, enfim, a formiga do meu sucrilhos era grandona! Dava pra ver nitidamente as patas, as antenas. Dava até pra botar em prática os conhecimentos super úteis de Zoologia. Peguei a formiga com a colher. Ela tava nadando de uma forma tão bravil! Não merece a morte um serzinho desses. Sabe, muito ser humano não tem a coragem que essa mosquinha de asas cortadas tem pra ir atrás de comida. E eu ainda vi uma com um grão de sucrilhos na parede! Um grão de sucrilhos! Na parede! E tem humano que se gaba porque escalou o Everest. Viva as formigas! Um grão de sucrilhos deve ser do tamanho de um outdoor para elas (ok, isso foi exagero). Mais méritos para elas! Eu pensei em comer a formiga, diziam que fazia bem à vista. "Você já viu formiga de óculos?". Mas oraessa, também nunca vi cotia, nem sabiá, nem arara, só humano que pode ser doente da vista. Mas comer ela seria sacanagem. Ela só queria alimentar sua comunidade. E quem sabe se tivesse outra eu poderia engolir, seria a maior aventura em dupla, tipo Jonas, na Bíblia, ou o Pinóquio, ou o pai do Nemo e a Dori que ficaram presos na barriga de uma baleia. Elas ficariam dentro do meu corpo, passariam pelo meu Esôfago, aposto que não se desgrudariam. "Não vá para longe, se você se perder de mim, morrerei a só aqui, só temos um ao outro". Mas eu preferi salvá-la. Tirei a pequena do Mar Branco, coloquei-a na pia, e só uns instantezinhos pra suas patas secarem e ela já estava andando por aí. Cara, quanta história pra contar elas têm! E você aí, muitolouco, acha que contar pro filho sobre aquele seu porre em Porto vai ser super descolado. Vaivendo! Quando criança eu costumava salvar as formigas que caiam na borda da piscina. Elas tão lá, andando pelos azuleijos, cuidadosamente, tudo no maior blue, e vem um gorilão, se joga naquele amontoado infinito de água, molhando tudo, inundando famílias e lares. É uma tragédia! Que Santa Catarina que nada, é uma tragédia-Krakatoa teus pulos na piscina. Eu gosto de formigas. São criaturas pitorescas. Mas eu odeio baratas. E ainda tem barata que tem a audácia de querer nascer com asas. Com asas, cara! Aí já é demais. O cara não tá satisfeito em andar pelos submundos, em ser total underground e ainda quer ter asas? Ainda quer ter os ares? O céu e o chão? Ah não nãonãnãonão. Muita ousadia. Fora que é asqueroso, faz movimentos agonizantes, ruídos sujos. É, ruídos sujos, sim. Tenho nojo desses sons. Mas insetos no geral são bem interessantes. Veja você que um deles inspirou uma das grandes obras do Expressionismo alemão. Gradesbosta, eles são aventura pura, bem mais que nos livros. O dia que eu puder provar um pouca da adrenaline que uma formiga prova a todo instantezinho, acho que serei uma pessoa diferente.
É loucura total, meu caro. Fantástico Mundo!

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