terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mudos monólogos.

Mamãe, o que é aquilo no chão, mamãe? Mamãe, papai não é assim. Mamãe, me responde, mamãe, que criança é essa que parou no nosso carro? Mamãe, responde, mamãe. Por que não fala nada? Por que se calou, mamãe? Desistiu? Mamãe, me diz o que fazer pra ser menina, mamãe? Tem que ser magra que nem a Gisele? Tem que vestir igual à revista? Tem que sorrir pra entrevista? Mamãe, tem que passar isso aí no rosto? Tem que se pintar, mamãe? Esconder? Não pode falar? Nem pensar? Concordar? Fala comigo, mamãe. Mamãe, o homem tá sujo, o moço tá cego. O mundo tá surdo? Você tá muda? Mas nada muda aqui, mamãe. Mamãe? Me conta, só conta, mamãe. É a conta do papai? Mamãe, o homem tá chorando, a criança esbravejando, o tempo passa rodopiando. E você só se calando.

2 comentários:

  1. Diálogo impressionista e absurdo...
    Filha do Mundo.

    ResponderExcluir
  2. Duras palavras!Até que ponto o que comove conduz a mudança, atrai o perdido?

    ResponderExcluir