sábado, 24 de janeiro de 2009

Reflexões para Babel






(Segundo o que narra o primeiro livro da Bíblia, Gênesis, a humanidade teria se unido para construir uma torre que chegasse ao reino dos céus. Essa torre era Torre de Babel. Deus, porém, ao ver que os pobres mortais ansiavam chegar a Ele, planejou para confundir a linguagem humana e fez com que cada homem a trabalhar na construção da Torre falasse uma língua diferente. A dificuldade de comunicação acabou com o trabalho humano na Torre de Babel.)



Babel, hoje vejo tua nova dança.
ainda tentas teu velho anseio reprimido.
ainda tentas dedilhar àquilo a que foste privada.

queres ainda um pedaço daquilo a que foste tirada?
sê tu concretização pioneira de vaidade humana?
sê tu poesia concreta da primeira possível realização de uniãode homens que falavam a mesma língua?

quiseres ser grande demais, Babel.
houve um deus que a isso não permitiu.
confundiu línguas, multiplicou linguagens,
atrofiou trabalho às tuas criaturas para que não pudessem atingir ao reino dos céu
santes de seu dito juízo final.

porém, Babel, os tempos mudaram.
nessa dança contemporânea,
esse deus hoje troca seu filho com humanos.

ele jogou seu filho na Terra para pagar pecado humano.
hoje ele o troca aos homens por uma dita salvação.
por um espaço no reino dos céus.

Babel, se não foste tua derramar diferenças,
a instaurar confusão
o que haveria, Babel?

discrepâncias linguísticas não impediram-te.
ainda soubes driblá-lo, ainda sabes, ainda sobes.
e multiplicou-te!

sobes vertical, mais alta do que nunca...
sobes em satélites, somes em aviões.
confunde hoje tu aos olhos de deus,
de um deus que não mais confunde aos olhos teus.

a que anseias ainda, Torre de Gênesis?
caladas não foste por um deus medroso!
deus temeu tua Ira.
deus temeu teu crescimento.
mas de Ira nutriu-te,
fê-la mel suculento a teu condicionamento.

e hoje cresces mais.
e hoje alcanças estrelas,
e hoje trocas informações com outras constelações.
permites aos sonhos voarem pela janela entreaberta
para aquele deus não ver que saiu.

hoje faz-se dura poesia concreta a cada esquina.
hoje, Babel, abrigas a tantos...
tantos ainda desesperados
a chegarem ao reino dos céus...

alguns destes também trocam seus filhos, Babel.
como deus.
uns vendem, uns doam, uns compram.
mas todos trocam, Babel.
como papai ensinou-lhes.

Babel,
creio que Capitalismo começou a ser teorizado em Mateus. e continuou em Marcos, Lucas e João: santíssimo quarteto do Evangelho. Consolidou-se na historiografia de Atos, desenvolvendo-se nas Epístolas Paulinas e Católicas. clímax com Judas e o final é profético em Apocalipse.

Porém o Medo...
este começou em Gênesis.

O Medo começou no Princípio.
E era Verbo.
E o Verbo se fez Carne.

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