sábado, 24 de janeiro de 2009

Frequência




Me inspirei,
despi, servi, vendi, rendi..
comprei.

Paguei caro.
E sabe o que tem?

É cheiros.
gostosos,
gosmosos, plastosos,
gozados.

Esse cheiro não me sai.
Engoli para poder vomita-lo, cheiro fresco.
Cheiro úmido fruto de atos reificados,
verdadeiros hipócritas devotos do prazer
e dor conseguinte,
expreminte.

Icterícia antes fosse.
Pelo menos teria cor:
Amarela.

“Amarelo das doenças, das remelas, dos olhos dos meninos, das feridas purulentas, dos escarros, das verminoses, das hepatites, das diarréias, dos dentes apodrecidos... Tempo interior amarelo. Velho, desbotado, doente."

Antes fosse doença certeira.
Morrera depois de febre perturbada,
causa de lírios e suores.

Até avermelhar para sair o último gole que ainda se não esvaia
E não.

Até o final para ver se esvazia...
E vazio é tudo, sai até Bile,
só não sai o cheiro.
Mentira.

O cheiro fica, persegue,
morte em vida que zumbi na orelha
língua fina e pegajosa que se emaranha e amontoa vulgarmente.

É mais que nojo.
Dá ojerizas.
Faltam-lhe os calafrios.

Entrei para poder ver sair,
soa dubiamente ridículo.
E agora?

A única volta vejo essas seqüelas
Marcas e cheiros que aqui habitam.

Voltas curvas, tensas, tesas.
Marcha sem letra.
Pobre, podre e desidratada.

Saiam de mim,
se esmiúcem por aí,
fodam-se.

Merda.
Fecha-se o ciclo.


Mas olhe!
Como é bom!!

Sobrou-me um picolé e alguns chicles de bola.

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