sábado, 24 de janeiro de 2009

Geme de Loucura e de Torpor




confundem-se ruídos, misturam-se sensações, já não se sabe ao certo o limite de cada uma das. falsas ilusões derrubadas à brasa da verdade, sorrateiras visões turvas convertidas em horas de preguiça e prostração, sólidos prazeres convergidos a instáveis ápices de alegria fulgaz. a espera de atitudes que não existem, o anseio em criar algo que não se faz presente ali, a fuga capaz de gerar caminhos alternativos. que sejam, que hão. são fugas, são medos, são menos, não se fazem dignos. a palavra ríspida, a frase violenta à ferida purulenta, a letra que fere sem nítido porquê, a dúvida que surge em dúvidas de afirmação infértil. egoísmos humilhadores, a posse do que não lhe é verdadeiramente, a farsa ao acordar de manhã e dizer um gemido de bom dia. o excesso de açúcar no café refletindo a falta de doçura em sua própria realidade, o exagero ao salgar representando a falta de condimentos para si. incoeso, ralo, barato e nem ao menos fétido. o descompasso do olhar que segue, a não clareza da palavra que profere, a sórdida náusea ao fundear aquilo que sempre te pertenceu. dúvidas emaranhadas em complexos-nós presos e amortecidos na garganta. sentido construido a partir da ausência de identidade interior, falso hino escorrido da boca, falsa presa acolhida em selva, falsos versos aclamados em urros de dor costumeira.


"geme de preguiça e de calor.
geme de prazer e de pavor.
já é madrugada:
acorda, acorda, acorda..."

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