sábado, 24 de janeiro de 2009

Dança contemporânea




Passa dia, conta mês
Passa hora, conta o passo...

Acorda e olha pro céu chuvoso,
escova os dentes, lê a tragédia matutina.
Olha ao relógio, está atrasado, apressado, acossado e sonolento.
Os ponteiros ultrapassam, é corrida selvagem, é Cruzada pós-moderna.

Terno para passar, café frio para beber, pão velho para comer.
Os ponteiros adquirem uma dimensão surreal, vencem e correm e batem, batem.

Agora é fila no metrô,
Espera no ponto de ônibus. Espera no ônibus. Espera no ônibus.
O Trânsito e os ponteiros...
Mais passos e mais passageiros...

O dólar subiu, as ações caíram,
a América tá em crise e a Guerra continua.
- Isso é Capitalismo, é Canibalismo.
Mas, ora, quanta besteira, quanta baboseira,
modernos são os tempos em que posso pagar meu restaurante no cartão.

E cala-se com o feijão, engole a salada,
olha para a mulher, não olha para si.
Mal mastiga a carne, engole arroz, mal deglute o purê.
Já é tarde para espelhos que se quebraram.

Volta e é rotina que engole cotidiano,
É hora que cospe passo,
É dinheiro que vomita sentimento.

O horário é de rush,
Fila grande e descompasso maior.
Cansaço toma o corpo e adormece entre uma estação e outra.

Liga o microondas,
Nem mastiga, só engole.
Nem suspira, só engole.
Nem pergunta, só engole.

Já não resta mais medo, não resta mais pesadelo,
o noticiário foi desligado.
E qualquer anseio momentâneo afogado no travesseiro de noites insones.

Passa vida, passa...
e quê?

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