sábado, 24 de janeiro de 2009

Ê, Cidade



Ê, Cidade. Disparidades seculares amontoadas em janelas de frequências distintas. Antagonismo urbano explorado e invasivo, é descompasso subjetivo, estampado e vendido em série, em massa. Tuas encruzilhadas apontam caminhos distintos, de mesma direção e diferentes sentidos. A luz que iluminaria ofusca e engana olhares inferiorizados como condição circustancial. Fotografia primordial, vaga que se retira da personalidade, a traçar caminhos atitudinais conformes. Ê, Cidade. Sinto saudade, sinto carência, escolhe-se avesso, recebse-se dor. Senti calor, sinto frio, tua brasa já não me queima, nem teu calor me esquenta. E assim com teu manancial a mim secou, teu céu estrelado apagou. Tuas multidões já são vazias, teus espelhos, quebrados, tua palavra, pouca, e tua poesia.. tornou-se rouca. Tuas cores transvertiram em fardas, tuas ruas em passarela, tua esperança já perdida em sonhos envelhecidos. Ê, Cidade. Berço e terreno da Desigualdade, desarmonia verdadeira, calor fulgaz, escuridão derradeira. Que falta me faz teu aconchego! Ah, disparidades! Ainda há identidades? Essa luz a espalhar o terror, espanta meu medo, ao oscilar presente, afugenta mil a atrair outros tantos. Ê, Cidade. Concretização do paradoxal, do antagônico, o que erguestes, em que se apoiara? Febre urbana em rede, febre urbana em rede... harmonizada em Hundertwasser? inflamada em outros tantos nessa multidão boiada, caminhando a esmo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário